Ucrânia: os interesses económicos da invasão russa

Em 28-8-2023, saiu um artigo na DW (Deutsche Welle), de Eugen Theise, em que se desvenda alguns dos interesses da Rússia na invasão da Ucrânia. Em jogo estarão os recursos minerais (e não só) do país invadido, avaliados em 12 biliões (triliões na escala curta) de dólares. O artigo refere ainda que os russos já se apoderaram de alguns desses recursos que agora estão a ser enviados para Moscovo, como é o caso dos ricos minérios de ferro da região de Zaporíjia e do precioso carvão antracite da região Leste.

Além do ferro e do carvão, a Ucrânia tem ainda o titânio e o manganês e, embora em menor proporção, ouro, gás natural, petróleo, zircónio, urânio e outros recursos minerais.

Outro recurso importante é o lítio, de que a Ucrânia possuirá as maiores reservas da Europa. A Rússia já mostrou interesse por dois depósitos de lítio, dos quatro conhecidos na Ucrânia. São eles o depósito de Kruta Balka, na região de Zaporíjia, que está sob controle russo quase desde o início da guerra e o de Shevchenkove, na região de Donetsk, a poucos quilómetros da frente.

A União Europeia, alguns meses antes da Rússia ter invadido a Ucrânia, em junho de 2021, assinou uma parceria estratégica com Kiev para o fornecimento de matérias-primas necessárias à “transição verde” do bloco o que, segundo a opinião de especialistas, constituiriam dois terços dos 30 recursos naturais considerados pela UE como críticos para atingir as suas metas.

Por outro lado, “acima de tudo, o cálculo político de Moscovo é destruir o potencial económico da Ucrânia – tanto faz se for por meio da apropriação de recursos ou da sua destruição por bombardeamento” – terá afirmado Yaroslav Chalilo, economista do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos de Kyiv, de acordo com o artigo acima referido.

Recorde-se que a invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24-2-2022, foi justificada pelo líder russo Vladimir Putin com a necessidade de desmilitarizar e “desnazificar” o território invadido, com o receio da entrada da Ucrânia na NATO, com a proteção da população russófona da Ucrânia, entre outras razões históricas.