
Os governos de vários países comprometeram-se com a redução das emissões de CO2 resultantes da queima de combustíveis fósseis como o carvão, o petróleo e o gás. Sustentam esse compromisso na necessidade de baixar a concentração de CO2 na atmosfera, a causa assumida de um aquecimento global que põe em risco a vida no planeta Terra.
Argumenta-se que a subida da concentração de CO2 de 280 ppm (partes por milhão) para 410 ppm (+ 46%) desde a época pré-industrial terá causado o aumento de cerca de 1 ºC na temperatura global, que passou assim de 288 ºK para 289 ºK (+ 0,3%) na escala absoluta de temperaturas.
É esta presumível diminuta influência do CO2 na temperatura global do planeta que suporta a tese da transição das fontes de energia fósseis para as energias renováveis, a que se chama de energias verdes: sol, vento, hidroelétrica e biomassa. Esta última é considerada verde porque apesar da queima de biomassa produzir CO2, este será hipoteticamente reciclado pela natureza.
Será possível substituir a energia de origem fóssil por energias renováveis intermitentes e sazonais? A resposta é, obviamente, sim, desde que se possa armazenar energia para os períodos sem produção renovável. Tomemos o caso de Portugal como exemplo, no que respeita apenas à produção de eletricidade, cujo consumo anual (50 TWh) é apenas um sexto do consumo total de energia primária (300 TWh).
Comecemos por estimar a capacidade de armazenamento de energia necessária. Será necessário armazenar energia que garanta a potência de pico da procura durante o tempo máximo em que os recursos renováveis podem faltar. Se, por hipótese, o tempo sem produção renovável suficiente for de 100 horas, ou seja, apenas alguns dias, e o pico da procura for de 10 GW, será necessário armazenar 1000 GWh de energia. Isto corresponde a 10 empreendimentos como o do complexo hidroelétrico do Tâmega, que tem cerca de 1 GW de potência e armazena cerca de 40 GWh de energia e só cobre algumas horas do dia do consumo nacional de eletricidade (contrariamente ao que diz a Iberdrola). O consumo médio é superior a 100 Gwh/dia (dados da REN). Dez empreendimentos desta dimensão custariam cerca 15 mil milhões de euros.
Por outro lado, a potência solar e eólica teria de ser capaz de gerar a quase totalidade da energia consumida mais as perdas de armazenamento, com uma pequena contribuição das hídricas e da biomassa. Numa estimativa sustentada pelos dados da REN, a potência instalada de eólicas e solares deveria mais do que triplicar em relação aos 7 GW atuais, que só cobrem menos de 30% do consumo anual, isto é, mais cerca de 15 GW, que por seu turno custariam cerca de 22,5 mil milhões de euros, a um custo médio de 1,5 milhão de euros por MW.
Em resumo, e não contando com o aumento do consumo de energia que a mobilidade elétrica vai exigir, a transição energética para energias verdes na produção de eletricidade pode custar qualquer coisa como 37,5 mil milhões de euros, a que se somariam outros investimentos vultosos necessários para a expansão da rede elétrica. Além disso, todos os anos seriam necessários investimentos de alguns milhares de milhões de euros para substituir eólicas e painéis solares em fim de vida, além da reciclagem necessária da sucata.
No final da transição energética, a potência total de geração instalada seria de cerca de 50 GW, cerca de 5 vezes superior à potência de pico da procura atual de eletricidade que ronda os 10 GW.
Não esquecer que os investimentos com a transição energética serão pagos pelo consumidor, pelo que se pode contar com a subida acentuada do preço do kWh, quiçá para o triplo ou quádruplo do preço atual, não se excluindo a hipótese desse preço poder ser mascarado com subsídios à produção e apoios estatais aos investimentos mas que resultam dos impostos que todos vamos pagar. E tudo por causa de 0,3% do aumento da temperatura global da Terra, para o qual o nosso sacrifício é absolutamente insignificante e inútil.
Henrique Sousa
Editor para Energia e Ambiente do Inconveniente
aFonso / Maio 31, 2023
….tema complexo, que será areia nas cabeças formatadas do povo que sobrevive á miséria criada pelos poderes(escondidos)….se o povo visse bons exemplos (jogos desportivos com altos consumos de energia chinesa), talvez o pobre escravo seguisse boas práticas………..mas como isto é tudo menos o objectivo #o salvar a Terra#, deles!!!
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Henrique / Junho 1, 2023
Portugal fechou mais de 1 GW de potência a carvão para, alegadamente, salvar o planeta. Salvar o planeta significa mandar para a sucata centrais térmicas e construir centrais de energia renovável com armazenamento. Isso de salvar o planeta faz com que as pessoas embarquem no esbanjamento de recursos financeiros que podiam ter melhor destino.
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