Racismo em voo rasante sobre um ninho de cucos

Em Nova Iorque, uma escola pública (East Side Community School) resolveu, em 16–2-2021, “pedir” aos pais das cobaias, perdão, dos alunos, para “reflectirem” sobre sua “brancura” e distribuiu literatura de exaltação aos “traidores e abolicionistas brancos” que “desmantelam as instituições”.

Quem são estes heróicos “traidores brancos”?

Para entender o nonsense, há que olhar para a lista que categoriza todos os brancos, elaborada pelo senhor Barnor Hesse, um Mamadou americano, professor associado de “Estudos Afro-Americanos” na Northwestern University, Illinois, que, por ter a pele negra, está tacitamente autorizado, e é até aclamado, por dizer e escrever barbaridades racistas.

Barbaridades tais que, fosse o autor branco e o objecto de “estudo” pessoas de outras cores quaisquer, levariam à queda do Carmo e da Trindade, acompanhados de um apocalíptico rasgar de vestes, culminando na crucificação do bandido.

O senhor, do alto da sua inimputabilidade, e de nalgas assentes num bem remunerado e privilegiado poiso, após trabalhosa digestão teve um achismo e achou que “já era hora de construirmos uma etnografia da brancura, porque os brancos são os que governam os outros”.

E como qualquer tolo encontra sempre outros ainda mais tolos que o defendem e aplaudem (como de resto se pode confirmar na lista de criaturas, de carne, osso e escassa matéria cinzenta que se lançaram à defesa e beatificação do Mamadou original), logo o portento que dirige aquela escola, entendeu usar a lista, não como material adequado à limpeza de nalgas nas casas-de-banho da escola, mas como matéria-prima para “reflexão” e “alimento para pensar”.

E quais são categorias onde se acomodam todos esses odiosos vermes brancos?

1ª Supremacista branco: Branco que preserva e valoriza a superioridade branca. Ou seja, uma pessoa que está bem com a sua identidade, pertença e cultura, sei lá, eu mesmo!
2ª Branco voyeur: Aquele que não desafia o supremacista branco; deseja a não brancura e tem fascinação pela cultura negra. Tipo, uma pessoa que gosta de rock ou jazz, veste calças no fundo do rabo, mas que não insulta quem não gosta.
3ª Privilegiado branco: Pode criticar o supremacista, mas não investe profundamente nas questões de justiça e igualdade. Traduzindo: o tipo que de vez em quando manda umas bocas ao “supremacista”, mas está-se nas tintas para a “causa”.
4º Beneficiado branco: Manifesta simpatia por um conjunto de questões, mas apenas em particular; não fala nem age publicamente, porque colhe benefícios pelo facto de ser branco. Isto é, o tipo que acha, em conversa com os amigos, que sim-senhor, há para aí muito racismo, mas pronto, tenho mais que fazer do que ir à manif do SOS Racismo do Mamadu.
5ª Branco que se confessa: De vez em quando, manifesta embaraço pela sua brancura, mas só para ficar bem visto pelas pessoas de cor. Ou seja, tem alguma insegurança em ser quem é, e precisa que as pessoas de cor lhe digam que é um gajo porreiro e progressista, pá, nem que sejam uns “likes” quando escreve umas banalidades fofinhas nas redes sociais.
6ª- Branco crítico: Aceita as críticas à brancura e expõe o regime do branco. A típica criatura que acha que a culpa é do heteropatriarcado branco, que o racismo é só de brancos relativamente a negros, e vocaliza a asneira com convicção, mas sublinhando sempre que racista ele, jamais!
7ª Traidor branco: Denuncia o que está a acontecer, tem a intenção de subverter a autoridade branca e dizer a verdade a qualquer custo. É necessário para desmantelar as instituições. Como a própria designação indica, o traidor é um traidor, odeia a sua identidade e pertença, no fundo, odeia-se a si mesmo, embora se esqueça que “Roma traditoribus non premiae”. Um bom exemplo é a senhora Robin Di Angelo, professora de “Estudos de Brancura”, Universidade de Washington) que, enojada de si mesma, diz que “gostaria de ser um pouco menos branca, o que significa um pouco menos opressora, indiferente, defensiva, ignorante e arrogante”).
8ª Abolicionista branco: Muda as instituições, desmantela a brancura e não permite que a brancura se reafirme. O clássico pateta que tem nojo de si mesmo, mas que, demasiado cobarde para se suicidar, anda pelas ruas das cidades, da capuz na mona, calças ao fundo do rabo e rastas de sujidade a atacar pessoas, monumentos, carros e lojas (designado pela CNN como “peacefull protester”) para roubar sapatilhas e televisões das lojas capitalistas, pá, acreditando que é mais afro que os afros e que nasceu na pele errada.

Estranhamente, tanto amor pela “diversidade”, não parece ter agradado às pessoas normais lá da terra, tão abruptamente empurradas para categorias tão inclusivas. Segundo o chocado director da escola, “estamos a ser alvo de calúnias racistas” e “linguagem degradante” e “nada justifica o abuso dirigido aos nossos educadores”.

Claro que nada justifica. Na prodigiosa cabaça do senhor, as pessoas devem ter orgasmos de felicidade ao serem classificados num exaltante continuum que vai de “supremacista”, a “traidor”. E é esta, portanto a nova linha de lavagem ao cérebro seguida no ensino público, destinada a eliminar a “cultura da supremacia branca”. Também cá chegará, não tarda muito.

De resto, a actual administração americana decidiu que os funcionários públicos de todos os sectores serão forçados a comparecer a reeducação, perdão, “formação”, que denuncie o “paternalismo” e a “acumulação de poder” da cultura actual.

Basicamente, terão de fazer autocrítica, ajoelhar-se, pedir desculpas até à eternidade, como se fazia nos regimes comunistas, e pagar “reparações” por serem umas bestas… E os anormais como eu, que acham tudo isto algo hostil para as pessoas que vieram ao mundo com a pele com menos melanina, têm de compreender que “temem a perda de poder e vantagem que a cor de pele lhes proporcionou” e que todo este processo é para o seu bem, pois trata-se de “uma agenda para trazer a verdadeira igualdade ”.

Aleluia!


José do Carmo

* O autor usa a norma ortográfica anterior.

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