No CDS, a ameaça do retorno de Manuel Monteiro à liderança do partido, forçou a fação de Paulo Portas a tentar antecipar a queda de Francisco Rodrigues dos Santos. Eleito contra os portistas, Francisco Rodrigues dos Santos, conhecido por Chicão, uniu-se a estes imediatamente após a votação e deixou cair, logo em fevereiro de 2020, Abel Matos Santos, líder da Tendência Esperança em Movimento (TEM), cujo bloco de votos lhe permitiu vencer o congresso.
Desafiado por Adolfo Mesquita Nunes, delfim de Portas, no Conselho Nacional do CDS, neste sábado, 6-2-2021, Francisco aguentou-se e evitou um congresso de destituição. Mas a sua direção esboroa-se. Ele mesmo não consegue encontrar um rumo, uma posição clara que o distinga. Emparedado pelo Chega de André Ventura, não arrisca a divergência com o sistema, numa suposta posição institucional que torna o CDS cúmplice do Governo do Partido Socialista.
Convenceu-se, mal, de que uma entente com o grupo de Paulo Portas, lhe garantiria um salvo-conduto. Mas o pavor de uma onda que traga Manuel Monteiro à liderança do partido, mudou as posições. A norma idealista do direito internacional pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos) vale para o dia do tratado… E, neste caso, a cláusula rebus sic stantibus (permanecendo as coisas como estão) é determinante: o acordo de Francisco com os portistas não previa o regresso de Monteiro.
Paulo Portas controla o CDS desde 1998, direta ou indiretamente. Quando não está formalmente na liderança, comanda através de um homem, ou mulher, de palha – ou condiciona a sua ação. Portas teme o regresso de Monteiro a presidente do CDS, pois crê que assim perde o controlo do partido e se frustra o plano de candidatura à presidência da República, em 2026.
Contudo, enredado nas contradições em que se envolveu, Francisco Rodrigues dos Santos não parece poder aguentar-se. Mas as bases que restam também parecem cansadas da fação Portas que tem fechado o partido num espaço cada vez mais reduzido. Os liberais soltaram-se para a Iniciativa Liberal, os democratas-cristãos não acreditam na incoerência portista, e os conservadores querem combater o sistema. Nenhuma corrente ideológica está cómoda no alinhamento com o poder socialista, que Paulo Portas mantém desde os tempos do Independente, quando era o aliado oculto de Mário Soares contra o cavaquismo.
António Balbino Caldeira
Maria augusta Antunes / Fevereiro 11, 2021
Muito bom mesmo. Está tudo bem dito isto é a verdade que se apoderou do CDS. Que quem sabe fale com a dignidade que os militantes e Simpatizantes precisam para se verem representados no partido que acreditam
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Manuel Matias / Fevereiro 11, 2021
Não há nenhuma onda Monteiro, mas sim uma outra onda que vai fazer um favor aos donos disto tudo…
Não é Monteiro que aflige Portas…
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