Política energética para afundar (ainda mais) Portugal

Civilização e energia caminham a par! Devemos a nossa forma de vida atual à disponibilidade de energia barata que vem, na sua maioria, dos combustíveis fósseis.

Historicamente, o carvão foi precursor e imprescindível na revolução industrial que teve início em meados do século XVIII com o surgimento da máquina a vapor.

O petróleo começou a ser mais utilizado em meados do século XIX e assumiu um papel importante em competição com o carvão, permitindo manter baixos os preços da energia e estimulando o desenvolvimento tecnológico e económico.

Em finais do século XIX, o gás natural começou também a ser uma alternativa, e hoje temos três combustíveis fósseis que competem uns com os outros, resultando desta competição a disponibilidade de energia primária barata, motor do desenvolvimento económico e suporte do nosso nível de vida.

Um país que esteja adaptado à utilização destes 3 tipos de combustíveis fósseis tem mais opção de escolha, pode decidir qual delas privilegia de acordo com os preços de mercado, tornando a sua economia mais competitiva na medida em que a energia tenha menor peso nos custos de produção.

O preço da energia fóssil é tão baixo que os governos se servem do elevado consumo para arrecadar mais impostos. Fazem-no sob o pretexto do ambiente, do mito do CO2, da saúde, etc. Em Portugal, por exemplo, os combustíveis são duplamente taxados com ISP e IVA, sendo que o IVA também incide sobre o ISP. Um escândalo a que nem a UE consegue pôr termo, mas adiante…

O carvão teve os seus dias de glória como fonte principal de energia mas nem o petróleo nem o gás fizeram com que deixasse de ser utilizado. Cada uma das fontes fósseis foi conquistando o seu nicho de mercado, onde a sua utilização é mais cómoda, exequível ou mais barata. O carvão foi relegado quase exclusivamente para a produção de energia elétrica em grandes centrais, suprindo as necessidades de base, situação onde não há alternativa mais competitiva, exceto talvez a opção nuclear que é incompatível com a pequena dimensão da nossa rede.

Com o advento da energia eólica e solar, ou seja, das energias intermitentes, que gozam do privilégio de entrada na rede, a operação das centrais a carvão tornou-se impossível porque não se pode regulá-las para acompanhar as variações aleatórias daquelas energias e passariam a ter uma fraca utilização com reflexo indesejável no preço da energia elétrica dessas centrais.

Deste modo, o carvão em Portugal já tem os dias contados, já foram encerradas as principais centrais térmicas que produziam a eletricidade mais barata do país.

Mas como é impossível suprir as necessidades de energia elétrica só com energias intermitentes, as centrais a gás entram para adaptar a produção à procura. As turbinas a gás são de fácil regulação, adaptando-se às variações de potência da rede. Mas vão produzir apenas uma pequena parte da sua capacidade o que torna a sua energia mais cara.

Assim, no que respeita à eletricidade, as energias intermitentes, pagas a preços políticos muito superiores ao preço de mercado, e prioritárias na entrada na rede, fazem encarecer também a energia elétrica de outras origens como a do carvão e do gás. O petróleo, usado em pequenas centrais a diesel ou nafta, ou adicionado por vezes nas centrais a carvão, já foi abandonado há muito mas mantém a sua aplicação nos transportes e aquecimento sob a forma de gasolina, gasóleo ou GPL.

Ao escorraçar o carvão do nosso mix energético, ficamos reduzidos ao petróleo e ao gás. Menos competição, preços mais altos. Na próxima etapa, com o advento dos transportes elétricos ou a hidrogénio, vamos abandonar progressivamente o petróleo e um dia estaremos dependentes do gás natural e sujeitos ao preço que queiram cobrar por ele.

E não será o hidrogénio caríssimo que vamos produzir numa ínfima parte do gás importado que poderá regular o preço da nossa energia e impedir ainda mais o afundamento da nossa economia, tanto mais que o estado terá que aumentar ainda mais os impostos sobre as energias quando já não puder taxar tanto o petróleo usado na mobilidade.

A política energética que está a ser seguida, principalmente pelos governos socialistas, vai no sentido de tornar a energia cada vez mais cara, quer pela penetração das energias com preços políticos altos, quer pelo abandono de fontes de energia baratas como o carvão e o petróleo, quer ainda pelos impostos sobre a energia que terão que continuar a existir mesmo sem o pretexto do ambiente, do CO2 ou da saúde, porque o estado socialista é insaciável em relação às receitas que o sustentam para afundar a economia e o nível de vida dos portugueses.


Henrique Sousa
Editor para Energia e Ambiente do Inconveniente

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Sub-diretor do Inconveniente

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