Padre DJ: masturbação e sodomia “é do foro pessoal de cada um”

O padre Guilherme Peixoto, mais conhecido por Padre DJ, provocou recentemente uma controvérsia no Facebook por ter afirmado, numa entrevista do podcast Maluco Beleza de 23-9-2020, que atos de natureza sexual fora das normais relações conjugais, em concreto a masturbação e a sodomia, “é do foro pessoal de cada um”.

Os comentários que se seguiram à publicação do vídeo incluem sacerdotes, que o acusam de “apóstata” e “anátema”, outro avisa que “como este, infelizmente, há tantos…”, e ainda outro padre lamenta: “Que tristeza… uma oportunidade tão boa para dar a conhecer a Doutrina e a Moral Católica… Que falta de formação… palavras banais, sêcas…que tristeza…”.

O pároco de Laúndos e Amorim, da arquidiocese de Braga, que também é DJ, major e capelão dos Comandos do Exército, conhecido pelo seu estilo descontraído, respondia às perguntas curiosas de Rui Unas sobre o contexto de confissão de atos sexuais fora das normais relações conjugais.

Inicialmente, quando o entrevistador questiona se a pessoa que tem fantasias e se masturba deve confessar-se, o sacerdote indica apenas que pede que os fiéis se confessem sem descrever, dizendo apenas genericamente “pequei contra a castidade”, mas quando Unas insiste em saber se “o ato masturbatório é um pecado contra a castidade” o padre relativiza: “é o foro pessoal de cada um”, “quem achar que está bem, pronto”, “cada pessoa é que sabe se o ato que cometeu lhe tirou a dignidade de ser humano”.

A polémica agrava-se quando o “maluco” Rui Unas, percebendo que o sacerdote omitia o ensinamento oficial da Igreja, lhe coloca uma pergunta sobre um ato sofisticado de sodomia:

“Deixa-me fazer-te uma pergunta ao contrário daquela que fiz há pouco. Se alguém que pratica um ato de sodomia, em comum acordo com o seu parceiro, e até com alguma violência, com alguma… qual será o termo certo?… algumas marotices… pouco convencionais e católicas neste sentido… mas se na sua consciência não tem um sentimento de culpa e que acha que não atentou à sua dignidade… está tudo bem?”

A resposta do Padre DJ soou como música techno para os ouvidos do liberal Unas:

“Eu acho que sim. Acho que sim porque se fortaleceu o amor entre eles, tudo o que se passa no quarto é de âmbito pessoal.”

“Haja um padre que diga isto!” – respondeu Unas efusivamente.

Contactado pelo Inconveniente, o padre Guilherme não respondeu, nomeadamente pela razão pela qual omite o ensinamento oficial da Igreja sobre a natureza dos referidos atos, parecendo até admitir que um ato contrário à castidade possa mesmo “fortalecer o amor”.

Já o Catecismo da Igreja Católica relembra reiteradamente que a Tradição da Igreja sempre considerou estes atos como “intrínseca e gravemente desordenados” e “pecados gravemente contrários à castidade” (Catecismo da Igreja Católica, capítulo segundo, artigo 6 “O Sexto Mandamento”), assim como a Bíblia, por exemplo, na Primeira Epístola de S. Paulo aos Coríntios, capítulo 6, versículo 9: “Não vos iludais: nem promíscuos, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem homens que se deitam com homens, nem salteadores, nem avarentos, nem bêbados, nem caluniadores, nem ladrões hão de herdar o reino de Deus”.

A veia liberal do padre Guilherme tem-no envolvido em polémicas escandalosas para a comunidade católica, como o famoso anúncio às apostas desportivas, a 26-4-2021, ao lado de um Fernando Rocha vestido de Papa em paródia, cuja receita publicitária serviria alegadamente para cobrir despesas das paróquias.

Todavia, apesar desta postura garantir-lhe grande destaque mediático e social, a Igreja não gosta dos excessos. Segundo o JN do mesmo dia, enquanto o Padre DJ relativizava a sua participação naquele vídeo, o cónego bracarense José Paulo Abreu respondia àquele jornal que “nem todos os meios justificam os fins”.

O Inconveniente contactou ainda o arcipreste de Vila do Conde/Póvoa de Varzim, padre Manuel Casado Neiva, que se recusou a comentar “afirmações de colegas” concluindo que “cada um é responsável pelas suas afirmações”.

Maciel Rodrigues