O Raio da Morte: da ficção à realidade

Na idade média surgiu uma lenda que dizia que o sábio Arquimedes teria protegido Siracusa dos romanos concentrando, por meio de espelhos, a luz solar sobre os navios invasores e fazendo-os arder com a elevada temperatura desse modo atingida.

Ou seja, a ideia de usar a luz como arma de guerra é bastante antiga. Mas esta possibilidade teórica nunca foi usada como arma, pela razão óbvia de depender da luz do sol e não ter a precisão necessária. Seria preciso que essa luz de elevada potência pudesse ser produzida quando necessário e apontada para o alvo com precisão.

Nos anos de 1920 a 1930, vários inventores, entre eles o famoso Nikola Tesla, reivindicaram ter inventado um raio que poderia ser usado como arma e que passou a ser chamado de Raio da Morte, tendo inspirado vários trabalhos de ficção científica e filmes. Essas invenções nunca ficaram provadas e o primeiro dispositivo capaz de produzir um raio de luz concentrado e potencial candidato a arma só foi desenvolvido em 1960 por Theodore Harold Maiman nos laboratórios da Hughes Research em Malibù na Califórnia – o laser de rubi –, porém, longe de ter a necessária potência para uso bélico.

Hoje, o raio laser tornou-se bastante vulgar, havendo diversos processos de geração que vão de simples díodos a diversos cristais, à fibra de vidro e ao CO2. As aplicações também são várias, de simples ponteiros a laser a processos de depilação, aplicações na medicina, gravação e corte de metais. Mas nenhuma delas com a potência necessária para utilização em armamento.

Porém, no dia 13-4-2022, o dia em que a Ucrânia atingiu o vaso de guerra russo Moskva, a marinha norte-americana testou um novo dispositivo capaz de produzir um laser com potência suficiente para abater um drone.

O sistema de laser terrestre abateu um drone, atirando contra ele um feixe de alta energia invisível a olho nu. De repente, um brilho laranja ardente queimou o drone, o motor começou a deitar fumo e o paraquedas abriu-se enquanto a nave caía de bico para baixo.

Em fevereiro de 2022, e pela primeira vez, a Marinha dos EUA usara a arma laser totalmente elétrica e de alta energia para derrubar um míssil de cruzeiro sub-sónico em voo.

Conhecida como Defesa Laser Em Camadas ou LLD (Layered Laser Defense), a arma foi projetada e construída pela Lockheed Martin. Pode combater sistemas aéreos não tripulados e barcos de ataque rápido com um laser de alta potência, usando um telescópio de alta resolução para rastrear ameaças aéreas inadvertidas, apoiar a identificação de combate e realizar a avaliação dos danos causados nos alvos.

“Sistemas a laser inovadores como o LLD têm o potencial de redefinir o futuro das operações de combate naval”, disse o chefe de pesquisa naval, o almirante Lorin C. Selby. “Eles apresentam capacidades transformadoras para a frota, abordam diversas ameaças e fornecem compromissos de precisão com uma revista profunda para complementar os sistemas defensivos existentes e aumentar a letalidade sustentada em conflitos de alta intensidade.”

Armas laser fornecem nova precisão e velocidade de combate para combates navais. Elas também oferecem uma logística simplificada porque são mais seguras para os navios e as suas tripulações, já que os lasers não dependem dos propulsores tradicionais ou da artilharia baseada em pólvora que se encontram nos navios.

Em vez disso, os modernos lasers de alta potência funcionam com eletricidade, tornando-os intrinsecamente mais seguros e capazes de fornecer capacidade de fogo enquanto se dispuser de energia. Isso também significa que o custo por utilização de uma arma laser pode ser muito baixo, uma vez que o único item consumido é a eletricidade para abastecer o sistema.

Os testes dos LaWS (Laser Weapon Systems) têm sido feitos desde há vários anos como se pode constatar nesta notícia, podendo este novo teste ser mais um passo na senda do Raio da Morte.

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Sub-diretor do Inconveniente

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