“O que é uma mulher?” – A verdade é condescendente e rude

Eu acredito que os sexos foram cuidadosamente criados e destinados pelo Criador para contrabalançar as fraquezas um do outro e satisfazer as necessidades recíprocas. As mais de mil diferenças entre homem e mulher não são resultado de um erro evolutivo nem produto de uma qualquer sociedade patriarcal, que, de acordo com os teóricos do género, terá criado a mulher – e até a sua capacidade de engravidar e dar à luz – para a dominar.

Cada sexo tem um propósito único no grande esquema das coisas e, há alguns anos, ninguém se atrevia a negar que foi incrivelmente criativo da parte de Deus colocar uma forma diferente de domínio em cada sexo, a fim de que haja equilíbrio entre ambos. 

Entretanto, após a estrondosa queda do comunismo, na ex-União Soviética, os marxistas culturais resolveram travestir o marxismo e usar, entre outros temas fracturantes, a sexualidade como arma de destruição social. 

É este o cenário que levou Matt Walsh (que passarei a designar como MW) a viajar pelo mundo com o propósito de descobrir se ainda há quem saiba “O que é uma mulher”. O resultado é o documentário que decidi traduzir e publicar em várias partes. O IИconveniente já publicou as três primeiras. Esta é a quarta: 

Na busca por uma resposta, Matt Walsh chega a Hollywood, Califórnia. Na rua, conversa com várias mulheres e um homem:

MW – Se eu disser que me sinto de certa forma, obviamente que vocês não conseguem dizer que eu não me sinto dessa forma, mas só porque me sinto dessa forma, isso quer dizer que é verdade? 

1ª Mulher – Digo, se é a sua realidade…

2ª Mulher – Bom, se é a sua realidade… na verdade não tenho nada a ver com isso. 

MW – Então, todos nós devemos ter as nossas realidades de identidades …

MW – E se eu disser que quero que diga que é verdade e que eu sou uma mulher, diria isso?

Homem – Ok, é uma mulher.

3ª Mulher – Eu também diria isso.

Homem – Sim, se quisesse que eu dissesse isso… naverdade não quero saber. Qualquer coisa que o faça feliz…

4ª Mulher – O que é verdadeiro para si pode ser falso para mim.

MW – E se eu disser que a verdade, que a minha verdade é que você não existe? Isso significa que deixa de existir? 

4ª Mulher – Quero dizer, se essa for a sua verdade, claro. Não existo.

MW – Mas você existe!

4ª Mulher – Quero dizer, se você está a dizer que eu existo, eu existo. 

MW – Bem, mas mesmo que eu diga que não, você ainda existe. Porque estamos a ter esta conversa. 

4ª Mulher – Estamos? 

MW – Eu penso que sim. 

4ª Mulher – Isso é o que você pensa. 

Depois desta conversa de surdos, para não dizer de loucos, Matt Walsh desabafa: «Bem, eu devia saber que seria difícil definir a realidade em Hollywood. Eu devia certamente ir ao local onde a verdade é a principal busca, a Universidade Americana.»

Assim, já na Universidade Americana, Matt entrevista o Dr. Patrick  Grzanka (PG):

PG – O que nós fazemos nos estudos acerca do género, não é apenas reduzir o género ao que os psicólogos podem chamar de diferenças individuais, mas sim pensar sobre género como uma forma social, algo que meio que se infunde em praticamente todos os aspectos da vida social. 

MW – Vamos falar sobre isso então. Acho que devemos começar pelo facto de que temos género, e sexo, certo?

PG – Sim.

MW – Qual é a diferença entre os dois? Existe uma diferença? 

PG – Eu vi isso na sua lista de perguntas e pensei, “Óhmeu Deus, foi nisto que passámos um semestre inteiro a pensar”; mas o que tendemos a pensar nas Ciências Sociais hoje é que o sexo se refere a um conjunto de características biológicas, e género é uma categoria socialmente construída. O que eu acho que é muitas vezes enganoso sobre essas características blá, blá, blá … que é permitido ser meio confuso e complicado. Mas nesse enquadramento, quando os divides nessas construções totalmente discretas blá, blá, blá … estudiosos e, mais especificamente, pessoas que estudam género e sexo. Não estamos a falar de sexualidade agora. No universo académico em que viajo é que vemos como as ideias profundamente generificadas, sobre masculinidade, feminino, masculinidade e feminilidade tanto em humanos como em muitos outros animais. 

MW – Então, género e sexo, são duas coisas diferentes?

PG – Bom, eu acho que ambos são e não são. Eu sinto-me totalmente confortável em dizer que género e sexo são duas construções diferentes, mas que estão profundamente interligadas entre si. 

MW – Estamos a falar de género e sexo, e há muitas controvérsias aí. Se estamos a falar de uma mulher transcom todas as características físicas masculinas, então não seria um homem? Não poderíamos dizer claramente que esta pessoa é um macho?  

PG – Bom, na verdade, eu acho que é como, porque é que está a fazer essa pergunta? Eu quero entender porque é que isso é tão importante… se alguém lhe diz….

MW – Quero só perceber a realidade, sabe?

PG – Bem, quero dizer, acho que quando alguém lhe diz quem é devia acreditar na pessoa, se uma pessoa lhe diz que é homem ou mulher, então isso é a pessoa a dar-lhe a conhecer o seu género. Não entendo o que as interacçõessociais teriam a ver com ser feminino ou masculino….

MW – Eu nem estou a falar no contexto social, eu só quero começar por chegar à verdade. 

PG – Sim, quero dizer, estou realmente desconfortávelcom esse tipo de linguagem de, tipo, “chegar à verdade”. Novamente, na vida social…

MW – Porque é que isso é desconfortável?

PG- Porque me soa profundamente transfóbico.

MW – A verdade? 

PG – E se continuar a investigar, vamos interromper a entrevista. 

MW – Se eu investigar o que é a verdade? 

PG- Se continuar a invocar a palavra verdade, que é condescendente e rude. Estou a dizer-lhe…

MW – Como é que a palavra “verdade” é condescendente e rude?

PG – Porque não diz qual é a sua verdade … e só tem mais 30 segundos até eu me levantar. 

MW – Qual é a minha verdade? Bem, eu não acho querealmente tenho uma verdade. Eu acho que há a verdade, como a realidade. E então devemos começar por tentar descobrir qual é a realidade. 

PG – Ah ah… E por que se preocupa quando outra pessoa lhe diz que é um homem, ou mesmo se usa a palavra macho, porque é que se preocupa em não acreditar? 

MW – Você continua a trazer de volta o assunto de como dar resposta a uma situação social…

PG – É o que eu faço, eu sou um cientista social.

MW – Ok. Certo. Mas estamos numa Universidade. Este é um local de compreensão da verdade, não é? 

PG – Absolutamente. Perseguimos a verdade. E eu sou cientista social e é isso que eu faço. 

MW – Acabou de dizer que a verdade é transfóbica. 

PG – Se estiver a dizer que a verdade é poder dizer: «Você não é um homem, mostre-me a sua genitália”, isso é transfóbico. 

MW – Não, não quero ver os genitais. Só estou a dizer que alguém pode fazer uma declaração sobre si mesmo que pode não ser verdadeira, como por exemplo se eu lhe disser que sou um homem negro. Aceitaria isso, ou seria céptico? 

PG – Você é negro? É afro-Americano? É bi-racial? 

MW – Eu acho que não…

PG – Você não parece ser, e eu não acho que isso seja uma afirmação genuína de quem você é. 

MW – É isso mesmo, então eu posso declarar que isso é o que eu sou, e estar incorrecto. 

PG – Sim, eu acho que é mais do que verdade que o ser humano mente, sim. 

MW – Ou nem sequer mentir, eu posso só estar enganado. 

PG – Sim.

MW – Bom, isto leva-nos a uma grande questão, especialmente no que diz respeito à sexualidade de homens e mulheres, O QUE É UMA MULHER? 

PG – Porque é que está a fazer essa pergunta?

MW – Eu gostava mesmo de saber. 

PG – Qual acha que é a resposta a essa pergunta?

MW – Eu na verdade estou a fazer a pergunta, por isso vim ao encontro de um professor Universitário, que é o que faz. 

PG – Que outras respostas obteve? ​

MW – Muitas como essa, em que você não está a responder, recebo muitas assim…

PG – Eu acho interessante que me diga que muitas das pessoas que entrevistou ficaram hesitantes em responder, e isso tem a ver com a forma como a pergunta é colocada e da forma como se conduziu ao longo da entrevista.

MW – Como é que eu me conduzi? 

PG – Como acha que se conduziu?

MW – Você não quer mesmo responder às perguntas, pois não? 

PG – Eu vim com muita vontade e entusiasmo responder a perguntas acerca de género feminino e sexualidade…

MW – Então, se quer responder a perguntas sobre estudos acerca de mulheres, não deveria ser capaz de dar resposta à pergunta O QUE É UMA MULHER em primeiro lugar? 

PG – Para mim é apenas uma pessoa que se identifica como uma mulher.

MW – Mas, com o que é que se identifica?

PG – Como mulher! 

MW – Mas o que é isso?

PG – Como uma mulher. 

MW – Sabe o que é uma definição circular? 

PG – Sei.

MW – É tipo o que está a fazer agora (desenha um circulo com a mão) “uma mulher é uma mulher” 

PG – Porque o que você procura, como chamamos no meu trabalho, é uma definição essencialista de género, como se quisesse que eu lhe desse um conjunto de característicasbiológicas associadas a um ou outro género. 

MW – Eu não estou à procura de nenhum tipo de definição, eu pocuro “A” definição. 

PG – Sim, e eu dei-lhe uma. 

Mat Walsh sai da entrevista com o cientista social tal como entrou, ou, quiçá, ainda mais confuso. Ele desabafa: «Bom, agora posso dizer que fui à faculdade e ainda bem que não paguei por isso. Haverá alguém disposto a dar-me uma resposta directa? O ideal seria alguém com montes de licenciaturas de medicina afixadas na parede…»

Gabo a paciência ao Matt. No meu tempo era impensável chegar ao ciclo preparatório sem saber o que era uma mulher. Hoje, há pessoas que nem com várias licenciaturas sabem algo tão básico. Como é possível que ensinem outras pessoas, se nem elas sabem algo tão natural e biologicamente provado? 

Já agora, e porque o senhor “Achismos” me pareceu muito confuso ao dizer “eu acho que ambos [sexo e género] são e não são a mesma coisa” – isto, enquanto a maior parte dos ideólogos nos tentam dizer que não, não são a mesma coisa, e de facto coisas diferentes não podem ser uma e a mesma coisa – fica a pergunta: 

Então, se sexo e género não são a mesma coisa, por que “mudam de sexo” quando sentem ser de um género – feminino ou masculino – que não corresponde ao sexo de nascença?

Maria Helena Costa

* A autora usa a norma ortográfica anterior.

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