O Papa Francisco vai consagrar a Rússia e a Ucrânia ao Sagrado Coração de Maria, na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 25-3-2022, em comunhão com todos os bispos do mundo — noticiou a agência Vatican News, por Silvonei José, em 18-3-2022.
O cardeal Konrad Krajewski, esmoleiro pontifício, irá realizar simultaneamente a consagração no Santuário de Fátima, como enviado especial do Papa.
De acordo com a Irmã Lúcia, na aparição de 13 de julho de 1917 na Cova da Iria, Nossa Senhora pediu a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração, afirmando que, se este pedido não fosse atendido, a Rússia “espalharia os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja”, acrescentando que “os bons serão martirizados, o Santo Padre sofrerá muito, várias nações serão destruídas”.
Procurando cumprir a vontade de Nossa Senhora, transmitida pela Irmã Lúcia, vários Papas realizaram atos de consagração ao Imaculado Coração de Maria:
Pio XII consagrou o mundo inteiro em 31 de outubro de 1942; e em 7 de julho de 1952 consagrou especificamente a Rússia ao Imaculado Coração de Maria através da Carta Apostólica “Sacro vergente anno”.
Paulo VI também fez essa consagração em 1964.
João Paulo II realizou orações solenes de consagração ao Imaculado Coração de Maria em 1981, 1982 e 1984.
Em junho de 2000, quando o cardeal secretário de Estado da Santa Sé Ângelo Sodano revelou a terceira parte do segredo de Fátima, no Santuário da Cova da Iria, a Irmã Lúcia confirmou que o ato de consagração realizado por João Paulo II no 25 de março de 1984, em comunhão espiritual com os bispos de todo o mundo, correspondia ao que Nossa Senhora havia pedido.
Agora, no mesmo 25 de março, 38 anos passados, o Papa Francisco renova a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria.
Em 1989, com o derrube do Muro de Berlim, dá-se a queda do império russo na versão soviética, comunista e ateia. Na Rússia, e nas repúblicas agora independentes, é retomada a prática cristã, no rito ortodoxo, a que a população adere maciçamente, salvo os novos países e áreas de influência islâmica.
Na Ucrânia, os católicos são cerca de 10% da população. A capital, Kiev, é considerada o berço do povo russo, de origem pagã mas convertido ao cristianismo de rito ortodoxo, de matriz bizantina.
Na linha de Ivan, o Terrível, e de Pedro, o Grande, e sem o handicap ateu dos líderes soviéticos, Vladimir Putin segue uma visão geopolítica expansionista de restauração do império russo, justificada na doutrina de Moscovo como Terceira Roma, com estados satélites obedientes e testas de ponte nos rebeldes, como a Geórgia e a Moldávia. Nesse sentido, Putin não tolera a independência efetiva da Ucrânia, que pretende dominar, fundamentando a invasão com a proteção do terço de russófilos do país, e aproveitando a fraqueza ocidental.
Neste contexto de guerra-assimétrica, a fé alimenta a vontade de ser livre dos ucranianos.
A consagração da Rússia e da Ucrânia a Nossa Senhora fortalece o espírito da paz e da liberdade face à tirania.