O Islão é uma ameaça?

Há dias, numa conversa, uma pessoa dizia-me que, na sua opinião, o Islão é uma religião como as outras e rejeitava com leveza a ideia de que seja uma ameaça para o Ocidente, rico, forte e civilizado.

Não há mesmo razões para temer?

Bem, para além das claríssimas e explícitas exortações à violência e à conquista, que se podem ler nos textos sagrados do Islão, a História, sempre ela, mostra-nos que desde que esta religião irrompeu, há cerca de 1400 anos, os muçulmanos seguem consistentemente a prescrição corânica de fazer a guerra aos infiéis, ao Dar al Harb.

Como resultado, quase 75% da então chamada “Cristandade” foi definitivamente conquistada para o Dar-al Islam, incluindo todo o Norte de África, Anatólia, Síria, etc.

Muitos territórios europeus estiveram sob ocupação muçulmana, por vezes durante séculos, desde Portugal à Rússia, passando pela Espanha, França, Itália, Ucrânia, Lituânia, Sérvia, Roménia, etc, etc, só se tendo libertado pela força das armas.

Contam-se para cima de 15 milhões os europeus capturados e escravizados em nome da jihad, num processo que se prolongou até ao século XIX, chegando à longínqua Islândia. Na verdade uma das primeiras guerras externas travadas pelos EUA (Jefferson e Adams) foi exactamente contra os esclavagistas muçulmanos, tendo Portugal como aliado.

Em resumo, por mais de mil anos o Islão foi a principal e permanente ameaça à civilização ocidental, e esteve sempre na ofensiva quando o potencial relativo de combate lhe era favorável.

No séc. XX a Europa modernizou-se, conseguiu neutralizar a jihad e parece agora ter esquecido tudo sobre essa antiga e constante ameaça.

Para muitos ocidentais o Islão é apenas uma religião como as outras e alguns, sem nada saberem da História e dos textos, proclamam mesmo que é uma “religião da paz”.

Não, não é!

O que a História nos diz é que se trata do mais formidável e persistente inimigo que a nossa civilização encontrou até hoje, e isso não mudou apenas porque circunstancialmente acreditamos estar na mó de cima.

O problema maior, todavia, não é o esquecimento da História, mas a sua reescrita, para que se encaixe nas novas narrativas politicamente correctas.

E essa narrativa woke, veiculada nas escolas, nos media e no cinema, é a de que os muçulmanos fazem parte do extenso grupo das vitimas históricas do Ocidente, enfim, do “heteropatriarcado branco”, o “opressor” por antonomásia.

Por exemplo as cruzadas, efectivamente uma reacção militar à conquista islâmica dos chamados lugares santos cristãos, é descrita como um ataque cruel e injusto aos pobres muçulmanos que estavam pacatamente nas suas terras a beber chá e a fumar cachimbos de água. De resto as invasões muçulmanas nem sequer são descritas como tal, mas sim como inócuos “avanços” árabes, mouros, almorávidas, tártaros, mamelucos, otomanos, etc. escondendo deliberadamente o seu verdadeiro racional agregador, a jihad contra o infiel.

Mas isso é História, dirão os apaziguadores. Esse tempo passou. Temos é de olhar para o futuro e entrar numa nova era de respeito mútuo e tolerância, mesmo que para isso haja que dourar um bocadinho a história.

Esta poderia ser, de facto, uma postura plausível, se fosse mútua.

Mas não é.

Em todo o globo, milhões de muçulmanos mostram o mesmo impulso supremacista e intolerante dos seus antepassados, e centenas de milhões de cristãos e outros infiéis estão hoje sujeitos a perseguição implacável e genocídio, em nome da jihad.

Nada disto deveria surpreender-nos.

Nas escolas, nas madrassas, milhões de crianças muçulmanas são instruídas na glorificação da jihad e no desprezo e ódio aos infiéis.

Enquanto por cá uma certa esquerda demoniza a nossa história, derruba estátuas e transforma os nossos heróis em vilões, na “secular” Turquia, Mehmet, o Conquistador, um pedófilo que devastou a Europa Oriental, é todos os anos louvado e sacralizado no aniversário da conquista de Constantinopla.

Costuma-se dizer que quem ignora a História está condenado repeti-la, mas não há provérbio para aqueles que a reescrevem demonizando os seus ancestrais e desculpando os seus inimigos.

O resultado está à vista.

Hoje, nesta fase de “fraqueza”, quem abre o caminho do Islão não são as cimitarras mas as próprias nações ocidentais que escancaram as portas do crime, do desequilíbrio demográfico, da fractura social, da devastação da identidade e da pertença.

Cantava a senhora Von der Leyen, há 2 anos, que “devemos dissipar os temores e preocupações sobre o impacto da imigração ilegal na nossa sociedade”.

Referia-se obliquamente à imigração muçulmana, que é a esmagadora maioria.

E em termos de “dissipação de temores”, a EU não poupa esforços, usando generosamente o dinheiro dos contribuintes europeus (o dinheiro da UE provém dos Estados que, por sua vez, o vão buscar aos bolsos dos cidadãos, incluindo os meus e os do leitor).

Vejamos alguns exemplos:

  • A Universidade Islâmica de Gaza, uma organização do Hamas, movimento terrorista e antissemita, foi financiada, só em 2019, com quase meio milhão de euros e está no programa Erasmus.
  • O Forum of European Muslim Youth and Student Organisations (FEMYSO) recebeu, em 10 anos, cerca de 300 000 euros. Para, entre outras coisas, articular a recente campanha conjunta com o Conselho da Europa e alguns países muçulmanos, no sentido de promover o hijab como como “símbolo da liberdade”. É verdade que a França se opôs veementemente e o governo sueco, por exemplo, já cortou o financiamento ao grupo radical, mas os seus membros continuam a ser recebidos e aplaudidos no European Youth Parliament em Estrasburgo.
  • Várias organizações obscuras (Islamic Relief, Lokahi Foundation, Muslim Association of Ireland, etc.) todas ligadas à Irmandade Muçulmana (IM), receberam ao longo dos anos, dezenas de milhões de euros, apesar do antissemitismo explícito e vitriólico.

Ora, a IM tem, na Europa, uma densa rede que agrega militantes abertamente afiliados, activistas e simpatizantes, espalhados por várias NGO que, como as referidas, partilham a ideologia da Irmandade.

Que ideologia é esta e que objectivos visa?

Bem, pela boca do próprio Yusuf al-Qaradawi, o seu principal ideólogo, que vive como um nababo no Qatar (Qatar TV, Julho, 2007), “a conquista pacífica está  fundamentada na religião e por isso  espero que o Islão conquiste a Europa sem necessidade de espada ou combate. Fá-lo-á através da dawah –ou seja, o trabalho missionário e o proselitismo- e a ideologia”

Vemos pois que Von der Leyen e al-Qaradawi certamente sem querer, partilham exactamente a mesma visão, embora o cego não seja o sr. Qaradawi.

E contudo, a ideologia da Irmandade (a sharia, a submissão das mulheres aos homens, o casamento de menores, etc.), está nas antípodas dos valores europeus. O seu objectivo não é integrar-se na democracia liberal, mas sim promover um califado na Europa.

Todas as suas actividades têm isso como farol, incluindo a estratégia de islamização das comunidades muçulmanas na Europa e a interlocução táctica com as instituições da UE e dos Estados membros.

A IM destila total intolerância relativamente a qualquer crença que não a islâmica. O “European Council for Fatwa and Research”, sediado na Irlanda já emitiu fatwas preconizando a pena de morte para apóstatas, o direito dos maridos bater nas mulheres, a obrigação do véu, etc.

Nos últimos anos, a IM e as suas organizações de fachada, aperfeiçoaram  e sofisticaram a capacidade de manipular os valores europeus, especialmente, a liberdade de expressão. O léxico dos seus líderes inclui as políticas de identidade e a linguagem politicamente correcta, com profusão de palavras como “inclusão”, “diversidade”, “racismo”.

Aquilo que o próprio Corão designa por se designa por Taqiyah! (dissimulação, engano, etc).

A IM é hoje um grupo de pressão bem organizado, profissional, com generosos recursos financeiros e excelentes comunicadores que jogam com a ingenuidade e/ou medo dos responsáveis e funcionários da UE, temerosos de serem acusados de “islamofobia”.

Chega-se ao cúmulo de os funcionários do Serviço Europeu de Acção Externa (a diplomacia da UE), receberem de um membro da IM (assessor do ex-presidente de Egipto, Mohamed Morsi) formação sobre como as democracias devem ser favoráveis e compreensivas relativamente à sharia.

Em suma, a EU escolhe como interlocutores os radicais islâmicos, e dá-lhes credibilidade e dinheiro dos impostos dos seus cidadãos, para um objectivo em flagrante confronto com os valores e interesses desses mesmos cidadãos. Neste momento, eu e o leitor, estamos literalmente a financiar, com o nosso dinheiro, grupos terroristas e suprematistas.

Os historiadores que, no futuro, estudarem estes tempos, da chamada “era da informação”, talvez fiquem siderados por constatar que era afinal um tempo em que a desinformação triunfava, a ignorância alastrava como uma nódoa e as pessoas viviam em bolhas de realidade alternativa, sem perceberem que estavam no caminho da autodestruição.

O problema com as bolhas, é que inevitavelmente acabam por rebentar e quem nelas vive fica subitamente exposto ao perigo e à barbárie que nunca quis ver, ou nunca foi capaz de ver.

Sim, o Islão é uma ameaça!


José do Carmo

* O autor escreve segundo a anterior norma ortográfica

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Latest comments

  • Claro que é. Uma ameaça às instituições europeias que levaram séculos a consolidar. Uma ameaça à Europa. Sem dúvida.

  • Bastaria ver o rosto ensanguentado da mulher do Sheik ( whatever that means) Munir, ou o facto de ele nunca ter sido julgado pelo crime público de violência doméstica. Bastaria ver como é bajulado pelos poderes instalados , para que soassem os alarmes… Mas quem tem memória pode acrescentar nomes como Pim Fortuyn ou Theo Van Gogh ao número de vítimas com maior visibilidade da tal ” religião da paz”. Sem contar, por incontáveis, as vítimas dos atentados jihadistas.

  • A comissão europeia e aquilo que é designado por parlamento europeu, nenhuma destas entidades me merece suficiente respeito para utilizar grafia maiúscula, constituíram-se nos principais inimigos das sociedades europeias.
    Não tenho esta opinião apenas porque sim. Basta analisar o papel desempenhado por aquelas entidades nos acontecimentos que tiveram a ver com a a Europa nos últimos quinze anos.

  • Infelizmente o dia a dia da Europa prova esta realidade, se não se inverterem as políticas europeias e nacionais em relação a esta invasão “pacifica??? mas paciente”, o futuro dos vindouros europeus estará em risco.
    Primeiro passo para uma possível alteração desta realidade é fazerem os islâmicos cumprir as mesmas leis e regras que são cumpridas pelos Europeus.
    Na Europa temos de deixar de actuar de forma “politicamente correcta”, pois nos Estados Islâmicos não somos (ninguém é) tratado de forma humana, quanto mais politicamente correcta…

  • A partir do momento em que a Europa silencia, nega, apaga e se envergonha da sua identidade, da sua história e dos seus valores fundacionais, essa Europa já não existe. Sendo o vazio uma impossibilidade universal, o mesmo será ocupado por outro algo, neste caso, o Islão que é o que se posiciona com a mais alta vitalidade e fervor.
    Quantos europeus que se dizem cristãos já pegaram numa Bíblia? Quantos leram alguns trechos? Quantos serão capazes de explicar o que é ser herdeiro de uma cultura judaico-cristã e em que medida toda a cultura, academia, ciência, sistema político, legislativo, filosófico, etc., derivam de tal?
    A Europa vive numa profunda letargia, medo, culpa, e inverno demográfico. Os predadores observam a presa. Sabem que é uma questão de tempo, uma luta espiritual e de úteros onde o mais fértil vencerá (sabemos qual é).
    Só é possível compreender o alcance do Islão mergulhando profundamente nesse mundo complexo e centrípeto. Mas quem o faz? Só se reverbera (com cândida ignorância)que “é da paz”, que é como outra religião qualquer. NÃO, NÃO É!!

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