O Acordo de Paris não tem base científica sólida

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Graças a um gás com muita fraca concentração (0,04% atualmente) na atmosfera, o CO2, de que as plantas, apesar disso, se alimentam de forma inteligente usando a luz solar (fotossíntese), produz-se biomassa (compostos de carbono) suscetível de ser reconvertida em CO2 por via da combustão com o oxigénio libertado pelas próprias plantas no processo de fotossíntese.

O CO2, por fotossíntese das plantas, transforma-se em oxigénio (72,7%) e carbono (27,3%). A atmosfera contém muito mais oxigénio (21% em volume) do que CO2 (0,04% em volume). Sendo o oxigénio fornecido à atmosfera por seres vivos, a quantidade presente na atmosfera resultou da conversão de uma quantidade de CO2 muitíssimo superior àquela que existe agora. Isto acontece porque o carbono é fixado na terra (sob formas sólidas e líquidas várias) e o oxigénio liberta-se como gás, e nem todo o carbono volta a recombinar-se com oxigénio, tornando-se assim o oxigénio predominante em relação ao CO2 na atmosfera.

Existe apenas 0,26% em massa de CO2 em relação ao oxigénio na atmosfera. Se todo o CO2 atual fosse transformado pelas plantas e estas não ardessem, haveria apenas um pequeno aumento do oxigénio no ar e de carbono na terra. Numa experiência em que se pusesse uma planta numa garrafa com água exposta à luz solar, e se a garrafa fosse cheia com CO2 e selada, ao fim de algum tempo o CO2 seria consumido pela planta e ficaria apenas oxigénio na garrafa. A planta acabaria por morrer porque não se alimenta de oxigénio e nada mais aconteceria. Felizmente para a vida na Terra, os animais consomem o oxigénio e libertam CO2 que faz crescer outras plantas.

Mas os animais não queimam todo o carbono produzido pelas plantas (muito dele é fixado na crosta terrestre), pelo que é necessário fornecer CO2 extra à atmosfera para alimentar as plantas. E como? Os vulcões são uma fonte de CO2 valiosa, mas em declínio. A outra fonte é constituída pelas reservas de carbono na forma de carvão e hidrocarbonetos e que só os humanos (ou quiçá micro-organismos) conseguem converter em CO2 para gáudio das plantas.

O CO2 precede o oxigénio na composição da atmosfera atual e teria, há milhares de milhões de anos, uma concentração muito superior à atual. O oxigénio só começou a aparecer com as primeiras formas de vida na Terra há cerca de 2 mil milhões de anos – as cianobactérias que se alimentariam de água e dióxido de carbono, libertando oxigénio. A percentagem de oxigénio foi aumentando e, há cerca de mil milhões de anos, terão aparecido os primeiros animais, cuja proliferação, em conjunto com a redução de CO2, fez estabilizar a concentração de oxigénio em 21% desde há 500 milhões de anos e a de CO2 em torno de 0,03% , com oscilações, como revelam as medições efetuadas, conforme indica a fonte indicada acima:

Lewis Alcott, um investigador da Universidade de Leeds (Reino Unido) diz que “alguns estudos tentaram responder a essa pergunta e os seus resultados indicam que a frequência de incêndios aumentaria drasticamente se o oxigénio atmosférico aumentasse numa pequena percentagem acima dos 21% atuais”. Para este investigador, “isso limitaria muito a biosfera terrestre e a produção de oxigénio reduzir-se-ia. Mais, “isso pode explicar o facto de que a quantidade de oxigénio não pode subir muito acima dos 21% atuais, conclui Alcott.”


https://pt.slideshare.net/guestd9d5ba/atmosfera-2495385

Quando a atmosfera da Terra, há 4 mil milhões de anos, continha muito mais CO2 devido a intensa atividade vulcânica, estaria certamente também mais quente. De lá para cá, com a redução da atividade vulcânica e a evolução da composição da atmosfera, a Terra tem vindo a arrefecer gradualmente, pois a tendência natural é para o arrefecimento e não para o aquecimento. Não sendo porém um processo linear que se possa medir em décadas ou mesmo séculos porque, como é sobejamente conhecido, o planeta tem passado por períodos muito frios, glaciações, e outros períodos amenos, melhor dizendo, mais adequados aos padrões de temperatura da vida humana.

A temperatura da Terra não depende de forma clara e comprovada da pequeníssima concentração de CO2. Não existe uma relação causa-efeito perfeitamente estabelecida que coloque o CO2 atmosférico como causa do aquecimento. É mais fácil provar que o aumento de temperatura faz aumentar a concentração de CO2 na atmosfera do que o contrário. De facto, quando a temperatura aumenta, o CO2 dissolvido nas águas liberta-se. Mais difícil é provar que a atmosfera, com mais 0,01% de CO2, provoca um efeito de estufa de tal monta que faz subir a temperatura global em alguns graus centígrados em poucos anos.

Porque, se assim fosse, teríamos então um processo auto-alimentado positivamente em que um aumento de temperatura daria mais CO2; e mais CO2 provocaria aumento extra da temperatura e assim por diante sem se saber em que temperatura iria estabilizar por efeito do aumento da radiação para o espaço, Mas seria uma temperatura finita e limitaria qualquer efeito em catadupa eventualmente presente. Porque a energia radiada aumenta muito com a temperatura (vide Lei de Stefan-Boltzman) e os diversos gases de efeito de estufa apenas impedem a passagem de certos comprimentos de onda e não todos. E, por coincidência, nos comprimentos de onda da radiação infravermelha da Terra, em torno de 10 micrometros, não há grandes “obstáculos” por parte dos GEE (gases de efeito de estufa), como se pode ver na imagem seguinte:


https://timeforchange.org/radiation-wavelength-and-greenhouse-effect

Devemos ainda ressalvar que a temperatura da Terra (e de todos os planetas do sistema) depende essencialmente da sua distância ao Sol e da atividade solar. E que, sem o efeito de estufa em que o papel do CO2 é muito limitado – pois o vapor de água é o maior responsável por esse efeito – a Terra teria uma temperatura global média de -18º C, ou seja, 33º C abaixo da atual temperatura global de 15º C.

Podemos assim, afirmar que é falso o que os média dominantes, os comentadores habituais e toda uma panóplia de “cientistas”, organizações e cimeiras mundiais nos querem fazer crer acerca do Aquecimento Global causado pelo homem com a queima de combustíveis fósseis. As metas do Acordo de Paris baseiam-se portanto num mito sem base científica sólida.

Henrique Sousa

Editor de Energia e Ambiente do Inconveniente

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Sub-diretor do Inconveniente

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