O Papa Emérito Bento XVI deu ontem, 1-3-2021, uma entrevista a Massimo Franco do jornal Corriere della Sera, ao lado do seu colaborador arcebispo Georg Gänswein, no mosteiro Mater Ecclesiae, do Vaticano, por ocasião do oitavo aniversário da sua renúncia.
Fisicamente alquebrado pelo peso de 93 anos de idade, Bento XVI permanece, segundo o jornalista, com a mente “lúcida, rápida como os olhos, atentos e vivazes”.
Joseph Ratzinger enfatiza: “o Papa é só um. Não há dois Papas”. E explica a sua decisão de renúncia, de 28-02-2013:
”Foi uma decisão difícil. Mas tomei-a em plena consciência, e creio que fiz bem. Alguns amigos meus um pouco fanáticos ainda estão zangados, não quiseram aceitar a minha escolha. Penso nas teorias conspirativas que se seguiram: os que disseram que foi por culpa do escândalo do Vatileaks, de um complot do lóbi gay, do caso do teólogo conservador lefebvreano Richard Williamson. Não quiseram crer numa escolha feita em consciência. Mas a minha consciência está bem”.
Relativamente a Joseph Biden, Ratzinger reconhece que “é católico e praticante” e acrescenta: “Pessoalmente é contra o aborto. Mas, como presidente, tende a apresentar-se em continuidade com a linha do Partido Democrata. E sobre a política de género ainda não compreendemos bem qual seja a sua posição.”
Sobre a próxima visita do Papa Francisco ao Iraque, avalia: “creio que seja uma viagem muito importante. Infelizmente cai num momento muito difícil que a torna uma viagem muito perigosa por razões de segurança e pela Covid. E depois há a situação iraquiana instável. Acompanharei Francisco com a minha oração.”
E sobre o novo primeiro-ministro italiano, o ex-presidente do Banco Central Europeu Mário Draghi, Ratzinger diz: “esperamos que consiga resolver a crise”.
Uma entrevista de afirmação da unidade da Igreja e de distensão face à polémica do livro “Des profondeurs de nos coeur“ do cardeal Robert Sarah, de janeiro de 2020, sobre o celibato dos padres para o qual o Papa Emérito havia enviado um texto.
José Leite