
Segundo uma sondagem da Pitagórica para a TVI/Observador, publicada em 22-1-2021, Marcelo Rebelo de Sousa é visto como o que mais protege o Governo. Como sabe que essa percepção existe há muito, para a contrariar, costuma dizer, de vez em quando, que Portugal não só precisa de um “Governo forte”, mas também de uma “Oposição forte”. Mas será que Marcelo quer mesmo uma “Oposição forte”? Esse é o maior equívoco do seu discurso político, por uma razão muito simples: serve-lhe a inutilidade da Oposição para justificar a relação de cumplicidade com António Costa.
Tornou-se notório, desde que tomou posse em Março de 2016, que, por relações passadas, os dois, um na Presidência da República e o outro no Governo, estabeleceram um pacto tácito com o objectivo de obterem ganhos mútuos. Marcelo tomaria conta da sua área política de origem, ou seja, a Direita, e Costa controlaria a Esquerda. A constituição da dita geringonça facilitar-lhe-ia esse trabalho, como, de resto, se veio a verificar. BE e PCP abandonaram a sua habitual agressividade e transformaram-se em cordeirinhos. Ao entendimento Marcelo-Costa há quem lhe chame o perfeito bloco central.
A imagem de Costa em Paris a segurar o guarda-chuva para proteger Marcelo, quando o Presidente falava a portugueses, por ocasião da comemoração do 10 de Junho de 2016, ficou como símbolo desse perfeito entendimento. Normalmente, é um segurança do Presidente que executa a tarefa que, naquela circunstância, Costa chamou a ele. Mas Costa sabia que o efeito da imagem o beneficiaria pelo impacto que teria. Tanto assim que é reproduzida frequentemente para ilustrar o excelente nível de cooperação institucional entre eles.
Francisco Menezes
marão / Fevereiro 5, 2021
O que faltará desvendar para que se percebam os absurdos de gigantesca dimensão que varrem o nosso país ?
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