Lusomasoquismo

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Quarenta e oito anos depois da guerra do ultramar, o primeiro-ministro pediu desculpa pelo massacre de Wiriyamu. O problema não está em ser contra tais massacres ou em defender uma posição de afronta a tais atos, mas sim na dualidade de critérios que nos pretende rebaixar a troco de nada.

O estampar do rótulo colonialista e opressor, inerente ao restante discurso, que por motivos de excessiva extensão textual não irei citar, é uma forma de humilhação gratuita de Portugal e de instituições que há séculos nos acompanham.

Dito isto, a humilhação de todos os que lutaram por Portugal não caracteriza um verdadeiro líder. Um grande líder agradeceria e honraria os combatentes do ultramar, que tudo deram pela nação, sem esquecer os retornados que perderam as suas casas, as suas vidas, os seus negócios, e foram forçados a recomeçar a sua vida. O famoso “ajoelhar” enviesado, perante a recordação de um período histórico que foi sinónimo de imensos sacrifícios, jamais poderia ser feito por um “líder” que tem como função: elevar, defender e prestigiar o país que representa.

Todo o oposto foi conseguido. O fardo e peso moral que nos foi imposto ao longo da III República, relembrado nesta visita, em nada eleva a moral e o orgulho em ser português. Tal moral e orgulho são necessários para uma comunidade coesa e forte, sendo o oposto daquilo que as elites políticas, desde a extrema até ao centro esquerda, defendem.

O necessário e desejável, é que haja uma análise histórica realista. Porém, esta é impossível na presente República. Uma República que nasce com um viés marxista terá sempre a tentação de revisar o seu passado, com o objetivo claro de desmoralizar e diminuir os feitos nacionais, que “coincidentemente” remontam ao período onde os valores marxistas eram ostracizados.

A maior das evidências de que as desculpas representam um ideário parcial e lusomasoquista, é a ausência da exigência de um pedido de desculpas pelos massacres feitos contra portugueses ao longo da guerra. Porque é que o primeiro-ministro não exige um pedido de desculpas às centenas de portugueses que foram mortos na África do Sul entre 1998 e 2001, assim como pelos portugueses alvo de saques e destruição material em pleno século XXI? Porque é que o primeiro-ministro não pede desculpa aos antigos combatentes que, depois de colocarem a sua vida em risco pela pátria, não tiveram alternativa senão viver nas ruas, como identificou a Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, há poucos anos?

Existem muitos outros pedidos de desculpa que ficaram (e ainda estão) por dar.

Tamanha tentativa de redutoramente enfraquecer o passado de Portugal jamais poderia ser ignorada como alguns partidos (PSD e IL) fizeram, pois representa o consentimento e a apatia para com o enfraquecimento da posição de Portugal na História.

Um povo jamais poderá tolerar de leve tal fraqueza, ou então estará condenado a abdicar da sua identidade e sucumbir juntamente com ela.


Francisco Pereira Araújo

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Latest comment

  • Boa exposição!
    Se é verdade que os militares que defenderam condignamente o Ultramar e seus povos, também houve traidores que trairam esses povos e originaram a data da perfídia, porque venceu o espírito mercenário e trairam o Juramento de Bandeiras que tinham feito por vontade própria! E foi isto que aconteceu no 25Abril74 e originou períodos de grande sofrimento nos povos do ex-Ultramar português, onde as “democráticas” guerras civis causaram mais de 4 milhões de mortos e mais de 12 milhões de estropiados, orfãos, sem-abrigo e uma extrema pobreza. Ironicamente, estes traidores são homanageados em Portugal, num comportamento luso masoquista!

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