Analisando os resultados destas eleições legislativas e as causas da maioria absoluta de António Costa, a segunda do PS depois da que Sócrates obteve em 2005.
Tenho ideia de que Costa não venceu estas eleições por mérito político, e muito menos por boa governação.
Não acredito que o líder socialista secou o PCP ou o Bloco de Esquerda. Estes dois partidos estavam já em decadência: o PCP por causa do problema da estrutura etária de militantes e simpatizantes e sem as causas de outrora; o BE por ter esgotado as causas ou as ter tornados ridículas.
Foi Rui Rio que fez cair o Governo: não o PCP ou o Bloco. Mas votar ao lado do Bloco e do PC na proposta de orçamento de Estado, fez do PSD o terceiro parceiro da geringonça. E provocou a vitória fácil de Costa e uma derrota pesada do PSD.
Se a proposta de orçamento de Estado tivesse recebido a abstenção do PSD, haveria eleições mais tarde. E, então, mesmo que Marcelo estrebuchasse por causa das verbas da União Europeia, não viria mal ao mundo e o resultado seria radicalmente outro, sem maioria absoluta.
Nesse ato de votar contra a proposta de orçamento de Estado, Rui Rio provocou a queda da extrema-esquerda leninista e gramsciana/trotskista. Funcionou como fermento para esse resultado. Acelerou o que sucederia mais cedo ou mais tarde.
O descalabro eleitoral do PSD tem origem na tentativa vã de querer ocupar um espaço sem causas, sem razão e sem argumentos: o centro-esquerda. Esse é um sítio fantasma que o PS também reclama. Porém, o mítico centro-esquerda é um deserto de ideologia para os dois (PSD e PS).
Rui Rio, por motivos de oposição desconcertante – ou mesmo colaboracionista –, aparenta no seu discurso ter sempre medo de algo, como carregando uma culpa desconhecida. Ao longo dos anos em que o vi discutir os orçamentos de Estado e questões importantes, parece ter algum problema de índole pessoal, como se alguém lhe estivesse a fazer chantagem subterrânea, o que o leva a capitular.
Rui Rio denota fraqueza política, sem uma filosofia subjacente. E não apresenta uma estratégia, ao contrário de Costa.
A passagem das interpelações ao Governo de quinze em quinze dias para sessenta, fizeram-me despertar uma desconfiança de que Rui Rio sofre de medo do confronto direto.
Depois, também estranhei o seu desejo em querer politizar os órgãos do poder judicial, substituindo os magistrados por políticos profissionais, incluso a forma pacífica como foi aceitando todos escândalos judiciais onde o PS continua, e vai continuar, mergulhado.
A decisão de Rio de votar contra o orçamento de Estado teve ainda o efeito de destruir o CDS. Independentemente daquilo que Cristas e Portas fizeram ao partido e das suas prateleiras douradas que tarde acordaram para a ruína. Uma falta de patriotismo de que sempre sofreu o CDS, como se fosse um pecado mortal falar em Pátria.
No fim, Costa fica com maioria absoluta, mas com uma vantagem que Sócrates não tinha em 2005: a captura de todos os cargos da administração pública o que provocará um descalabro em todas as áreas da administração pública, enriquecimentos inexplicáveis e trapaças semelhantes às que se passavam no Brasil antes de Bolsonaro. Falcatruas que ficarão impunes e o País ainda mais pobre e miserável, habitado por um povo analfabeto funcional e estupidificado.
Rui Rio fez afinal o trabalho de Costa: falta saber se apenas por inaptidão. Destruiu quase o PSD, fez desaparecer o CDS, destroçou o PCP e o Bloco.
Do resto do espectro que fica não falo. Dependem apenas deles. A Iniciativa Liberal e o diabolizado Chega terão de se revelar.
É o que penso, contra o que por aí contam.
J. Lopes
Carlos2 / Fevereiro 2, 2022
É a segunda vez que vejo o psd fazer campanha pelo ps, a primeira foi a favor de sócrates.
Ordens são para cumprir… lol
/
Carlos2 / Fevereiro 2, 2022
correcção, ordens não…. hum… conselhos lol
/