
* imagem editada
O Governo de António Costa procura demonstrar que não colabora com a Rússia. O presidente Marcelo desvalorizou, como habitualmente faz com qualquer imbróglio socialista.
O primeiro ministro compareceu na cimeira da NATO, ontem, 14-6-2021, embaraçado com o episódio, agora conhecido, de filtragem pela CMLisboa, dirigida por Fernando Medina, para a embaixada russa dos nomes, moradas, números de telefone e endereço eletrónico, de três manifestantes em protesto, em 21-1-2021, contra a detenção do bloguista Alexei Navalny, sem que os ministérios da Administração Interna e dos Estrangeiros dessem qualquer satisfação às vítimas dessa devassa. Defendeu-se, António Costa:
“Bom, ninguém me vai pedir seguramente explicações sobre processos administrativos, porque ninguém tem dúvidas sobre qual é o papel de Portugal relativamente à Rússia. Já ninguém teve dúvidas quando, durante o PREC, qual foi a posição que Portugal e a maioria dos portugueses tomaram, quando em plena ‘guerra fria’ estava em causa saber de que lado nos colocávamos. Essa é uma dúvida que felizmente não existe”.
O primeiro-ministro diz para a imprensa portuguesa o que quer, desde logo porque não é escrutinado. Aos parceiros da NATO, e à imprensa internacional, o líder da coligação socialista, comunista leninista e comunista trotskista, que sustenta o Governo, já deve ter tido mais dificuldade em usar o mesmo argumento na explicação que certamente teve de dar. Com efeito, os seus aliados no Governo, tanto o Partido Comunista como os constituintes do Bloco de Esquerda, estavam do lado russo no PREC, em 1974-75 e continuam a estar do lado de Vladimir Putin, ditador orgulhoso da herança soviética. O PCP, numa operação acordada entre Álvaro Cunhal e o chefe de estação do KGB em Lisboa, e dirigida pelo agente soviético e oficial da Armada, Miguel Judas, forneceu à União Soviética os arquivos da PIDE-DGS com informação sobre a NATO, matéria que o Inconveniente recuperou numa investigação publicada em 14-3-2021.
E mesmo o Partido Socialista está pejado de dirigentes que estavam do lado errado da História, contra a liberdade e a democracia pluralista, especialmente do leninista MES, grupo que mantém ascendente sobre o poder interno e o Governo. Desde logo o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e o presidente do Parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues. O próprio António Costa pertence a essa linha marxista da esquerda do PS que sempre se opôs à aliança tarada de Soares e Carlucci.
Devido à aliança governativa, de socialistas e comunistas leninistas e trotskistas, o executivo português é visto com desconfiança e certamente mantido à parte da partilha de informações sensíveis.
Em Bruxelas, no Parlamento Europeu e na imprensa (Politico, em 10-6-2021) foi feito um grave aviso a Portugal, ao denunciar este colaboracionismo da câmara socialista da capital com o regime de Putin.
Para distrair o público nacional, foi ontem, 15-6-2021, publicada uma reportagem com informação interna pela agência governamentalizada Lusa: e destacada no CM, com título e subtítulo favoráveis ao executivo: “Força de Fuzileiros em missão nas ‘barbas’ da Rússia – ação com forças armadas portuguesas decorre na Lituânia, fronteira com os russos e com a perigosa Bielorrússia”…
O apagador do poder pode tentar limpar o quadro negro. Mas fica sempre o vestígio. Por vezes, nem um pano encharcado limpa a verdade que está na cara.
António Balbino Caldeira
Diretor