“Fascismo nunca mais”?…

O artigo de opinião “Uma vacina longe demais” de Pedro Girão, médico anestesiologista da rede Hospital da Luz, publicada no jornal Público, em 18-8-2021, foi retirada horas depois pela direção editorial do jornal. O visado já se defendeu no seu perfil do Facebook.

A direção do Público fala de “erro de controlo editorial” e justifica-se “pelo tom desprimoroso e supérfluo usado pelo autor em relação a várias personalidades da nossa vida pública, como pelo seu teor que, de forma ora mais velada, ora mais explícita, tende a instigar a ideia de que a vacina contra a covid-19 é “uma experiência terapêutica” sem validade científica.”

Pedro Girão tem tido uma atuação mais pública desde o início da pandemia, tendo redigido quatro artigos no mesmo jornal e sido convidado pelas instalações televisivas por diversas vezes para falar da gestão da pandemia.

O médico queixou-se no seu perfil do Facebook, publicando novamente o artigo de opinião:

“De notar que, de acordo com o site do “Público”, o artigo já superava as 2 mil partilhas. São os novos tempos. Nada que nos espante, nada que eu próprio não tivesse previsto aqui há pouco tempo. Bem-vindos de volta ao fascismo. Desta vez na sua versão socialista, apoiada pelos restantes partidos, todos à espera de migalhas do bolo. Copio o artigo integral, ignorando quanto tempo mais permanecerá visível aqui.” (Realce nosso).

A nota editorial do Público, intitulada “Um erro e um pedido de desculpa”, defende a decisão censória:

“o PÚBLICO é um jornal que cultiva e estimula a diferença de opiniões que alimenta as sociedades democráticas. Mas há padrões e valores que não podem ser cedidos em nome do pluralismo. Numa questão tão sensível como a da pandemia, recusamos em absoluto promover juízos que tendem a negar a importância ou o relativo consenso científico em torno das vacinas.” (Realce nosso)

Os ensaios clínicos das vacinas contra a Covid-19 serão concluídos em 2023, não tendo ainda merecido aprovação por parte das entidades reguladoras. As vacinas contra a Covid-19, desenvolvidas com recurso a tecnologias inovadoras, foram autorizadas à condição de se tratar de uma emergência sanitária, dada a inexistência de tratamentos considerados eficazes para o combate da doença. As vacinas revelaram grande efetividade contra o desenvolvimento da doença e na diminuição da infeção e transmissibilidade em seres humanos a partir dos 12 anos. Desconhecendo-se ainda os efeitos de longo-prazo, nomeadamente na fertilidade, foram abertas discussões éticas à volta da vacinação de jovens saudáveis (de que Pedro Girão é particularmente crítico). Após aprovação continuarão a realizar-se ensaios clínicos, procedimento habitual em todos os tratamentos.


*Imagem de Indoanesthesia

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  • Há coisas que à muito deixei de fazer, uma delas é não ler os jornais tradicionais. O último que comprei e que depois deixou de
    existir chamava-se Novo Século, já lá vão umas décadas. Uma das razões, está bem explícita na desculpa deste jornal.

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