
Fra Angelico (1438). Noli me tangere. Museu Nacional de São Marcos. Florença (Itália).
Do domingo de Ramos pela sexta-feira da Paixão até à Páscoa da Ressurreição. Apogeu, morte e glória. Apogeu de palmas. Morte na cruz. E regresso à vida.
Mas não a mesma vida. Outra vida. A vida celeste que nos espera após o transe da Via Sacra que culmina a experiência da vida terrena.
Caminhamos desde a humildade nua, da absoluta fragilidade que carece da proteção da mãe, com a evolução física e cognitiva, para o brilho fugaz da fama, as vénias e os ramos. Avançamos, mas não subimos.
E logo o padecimento da paixão nos tolhe a força, nos cobra o fulgor e nos reduz ao pó. Enquanto nos deixa entrever a paz eterna nas guinadas de dor. Falecemos em nós, todavia reviveremos no Pai.
Finalmente, a libertação da morte para retornar à vida. Ressuscita a carne para a vida eterna no acolhimento de Deus. Serenamos na perfeição da paz.
A vida é uma Páscoa.
António Balbino Caldeira