Dúvidas sobre a honestidade das eleições eletrónicas brasileiras

O Relatório Técnico de Fiscalização do Sistema Eletrónico de Votação produzido pelas Forças Armadas brasileiras, em 9-11-2022, relativo às eleições do Presidente, do Congresso, Senado e Governo dos Estados, de 3 e 30-10-2022, faz diversas críticas ao sistema eletrónico de votação, que a seguir explicamos:

  • Foi dado a analisar aos peritos informáticos militares um sistema complexo (mais de 17 milhões de linhas de código), mas o Supremo Tribunal brasileiro consentiu-lhes apenas o uso de papel e caneta!…
  • Há sistemas de controlo de versões que permitem estudar a evolução do código, e comparar versões sucessivas. Porém, não foi possível consultar estes sistemas, pelo que “não há a certeza que o código presente nas urnas” fosse “exatamente o que foi verificado”. É como fazer um teste anti-doping a um atleta, sem verificar se o sangue analisado é mesmo o dele e no dia da prova;
  • O software contém outras peças, módulos feitos por terceiros. Como também não se puderam analisar, há ali caixas negras que pertencem ao sistema, mas que não estão à vista. É como se a polícia, por suspeita de atividade criminosa, entrasse num edifício e os responsáveis lhes dissessem: “podem ver tudo menos aquelas salas ali…”;
  • O Supremo Tribunal só permitiu aos peritos militares, ver o texto dos programas, mas sem os executar e sem os analisar em execução. Essa restrição é semelhante à verificar se um carro respeita os limites de emissões de carbono pelo escape, mas sem deixar o fiscal ligar o motor…

Um especialista em sistemas informáticos contactado pelo Inconveniente alertou para o facto de este problema em software ser particularmente crítico: “Nenhuma empresa completa software sem fazer testes intensivos em utilização. Ninguém acha que se garante a correção do software lendo linhas de código.”

O mesmo especialista adiantou qual seria o processo adequado de fiscalização: “Primeiro, detetam-se as incongruências ou defeitos em execução; depois, explora-se, como um detetive, repetindo muitas vezes a execução com pequenas variações até perceber-se melhor onde poderá estar o problema; e só então se entra de novo no código, que é vasto e complexo, para tentar corrigir.

Também seria necessário um método análogo para comprovar a validade do hardware e software de contagem de votos.” – acrescentou.

Um comentário final: não há, nem nunca haverá, sistemas eleitorais informatizados que sejam fiáveis. Não é questão de fiscalização — embora uma fiscalização mais profunda pudesse eventualmente ter a sorte de apanhar alguma aldrabice. Mas mais valia não tentar essa sorte e manter os sistemas manuais.

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Latest comments

  • É já o segundo caso muito conhecido de falta de fiabilidade num escrutínio eleitoral.
    Começou pelos EUA e agora no Brasil, sempre com a ‘colaboração’ dos respectivos sistemas judiciais, o que coloca estes países num posição de nunca mais os seus representantes terem qualquer crédito em missões de acompanhamento de actos eleitorais em países terceiros.

    Por cá, neste muquifo, para onde são importadas todas as modas que sejam asneira, se esse sistema for adoptado, terminará a minha participação em quaisquer eleições.

  • Então? Aqui no Inconveniente ainda não deram pelo trabalho do Cerimedo? A vossa distracção é notória.

    Começa aqui, o resto fica por vossa conta.

    https://rumble.com/v1rlf32-brasilwasstolen.html

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