
Acumulam-se os indícios de que o Governo socialista, apoiado pela extrema-esquerda, cava as divisões entre as duas metades do país: os dependentes do Estado e os portugueses que trabalham na economia privada. Exemplo recente do agravamento do fosso é a decisão, divulgada pela Ministra da Modernização e da Administração Pública, da construção de uma residência com 47 camas, em Lisboa, reservada a filhos de funcionários públicos. Faz lembrar a política assistencial do Estado Novo.
O anúncio com pompa e circunstância tem um valor simbólico e um efeito propagandístico não desprezível numa altura em que o Governo precisa de garantir o apoio da metade do país para quem os socialistas e a extrema-esquerda governam. Que ninguém tenha dúvidas. Apesar do país estar de novo à beira da falência e inteiramente dependente da solidariedade europeia, os socialistas não deixarão que os funcionários públicos caiam na miséria.
É mais uma decisão que visa conquistar as mentes e os corações dos funcionários públicos, garantir o voto, mostrando que o Governo tem um apreço especial pelos cerca de 700 mil portugueses que trabalham para o Estado mais as respectivas famílias. Não importa que o país esteja estagnado há duas décadas e que se encaminhe rapidamente para ocupar o último lugar no ranking de riqueza dos países da zona euro. Há muito que os socialistas governam abertamente para favorecerem os seus. O bem comum escapa ao ADN do Partido Socialista. O que lhes interessa é formatar a percepção enraizada nas mentes da metade do país que vive à custa da outra metade.
Essa percepção é suficiente para garantir o voto da metade do país que vota à esquerda. Daí a preocupação do Governo em garantir um especial apreço pelo funcionários públicos. Eles são uma parte significativa da metade do país para quem os socialistas governam.
A estratégia é conhecida: aumentar o número de funcionários públicos, fingir que se melhora o rendimento deles e degradar os serviços prestados pelo Estado. Uma estratégia que visa o poder absoluto, tendo em vista a construção de um socialismo que, apesar de gerador de pobreza generalizada, é aceite como necessário, inevitável e bom pela metade do país que vive na dependência do Estado.
Ramiro Marques
*O autor segue a norma ortográfica anterior