De onde veio o vírus, afinal?

Quando, na cidade chinesa de Wuhan, surgiu o vírus que provocou a pandemia que actualmente vivemos, a tese prontamente veiculada pelas autoridades chinesas e pressurosamente repetida, amplificada e robustecida pela OMS, ONU e várias instituições “respeitáveis”, foi a de que a causa teria sido uma transmissão ocorrida no mercado local, conhecido por comercializar animais exóticos para consumo, como morcegos, tatus, etc.

Todavia, como na mesma cidade está sediado o Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), e o governo chinês tentou activamente abafar o assunto, evaporando mesmo algumas pessoas, várias personalidades menos dadas à crença nas virtudes teologais dos líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) sugeriram a hipótese de a mutação não ter ocorrido naturalmente, mas saído destas instalações, ou de forma intencional, ou por erro de procedimento.

A intencionalidade não é de descartar, não só porque a China foi o grande beneficiário da pandemia, mas também porque o PCC tratou activamente de suspender todas as viagens internas, deixando intactas as viagens de Wuhan para o resto do mundo, ou seja, promovendo deliberadamente a disseminação do vírus pelo resto do planeta.

Ainda hoje, passado todo este tempo, e tendo já tido todas as oportunidades para limpar a “cena do crime”, a China continua a descartar qualquer investigação independente e profunda às origens do vírus, o que torna perfeitamente razoável esta maquiavélica hipótese.

Não há, contudo, provas materiais que a sustentem e se houve, já não haverá.

Mas, uma vez que a Administração Trump deu alguma credibilidade à tese do laboratório, intencional ou não, ela foi prontamente rejeitada pelos meios de comunicação mainstream que, no Ocidente são, de forma evidente, enviesados à esquerda e às narrativas veiculadas pela hegemonia cultural ligada a estas ideologias.

As chamadas “Big Tech”, todas elas dirigidas e tripuladas por gente que nos EUA se designa por “liberal” e que, na nossa nomenclatura se traduz por “progressista”, “esquerda”, etc., com um poder que se descobriu ser imenso e esmagador, impuseram uma férrea censura às teses “erradas”, ou seja, às que a narrativa hegemónica considera serem inimigas da “Verdade”, sendo esta definida por comissões da “verdade” ou “fact-checkers” que, no último ano, brotaram como cogumelos, como se as criaturas que as integram fossem uma espécie de imparciais anjos celestiais, não envolvidos nas agendas, narrativas e ideologias que marcam a forma como todos os seres humanos articulam a sua mundivisão.

Assim sendo, a “Verdade Revelada” em matéria de COVID foi estabelecida como sendo a que provinha e convinha ao PCC, isto é, a de que o vírus tinha surgido num mercado local, por mutação natural.

Basicamente, uma reedição do famoso slogan de Ary dos Santos para o Diário, um jornal que veiculava as posições do Partido Comunista Português:

– A verdade a que temos direito!

Pessoas, organizações, notícias, opiniões, comentários que de alguma forma divergissem da “verdade a que temos direito”, foram censuradas, cortadas, canceladas, banidas, suspensas do Facebook, do Twitter, do Instagram, do Whatsapp, eu sei lá.

O mote dos censores era o de que era preciso “seguir a ciência”, como se os azougados jornalistas que fazem parte das comissões da verdade soubessem alguma coisa de ciência, ou lessem sequer os abstracts dos papers.

Nos EUA as certezas destes novos aiatolas da verdade repousaram sobretudo nas palavras do prestigiado imunologista Anthony Fauci, ligado ao National Institutes of Health (NIH) e ao National Institute of Allergy and Infectious Diseases’s, conselheiro de vários presidentes americanos e cooptado por Trump para a task force de combate à COVID-19.

Em 17 de Abril de 2020, Fauci garantia, urbi et orbi, que o coronavírus da moda não poderia ter sido manipulado pelo homem.

Sabe-se hoje que mentiu.

Nos milhares de e-mails que recentemente foram tornados públicos, em resposta a um pedido do Buzzfeed, não só fica claro que Fauci sabia que isso não era verdade, como manifestou grande preocupação em manter sob controlo as narrativas susceptíveis de pôr em causa a “verdade” oficial sobre as origens do vírus.

Na verdade, chegou ao extremo de mentir sob juramento, numa Comissão do Senado, não só sobre isto, mas também na negação, perante o Senador Rand Paul, sobre um específico tipo de investigação que, dizem os e-mails, sabia que estava a ser feita no IVW.  

Por outro lado, veio também a público recentemente uma altercação entre especialistas no seio da administração americana, relativamente à conveniência, ou não, em suscitar a hipótese de engenharia do vírus, por questões relacionadas com controlo de armas e sua verificação.

A ideia que transparece dos e-mails do Departamento de Estado obtidos por meios de comunicação é a de que uma investigação nessa área iria abrir vias de acesso e escrutínio ao financiamento dos EUA ao IVW e a outros laboratórios, para determinados tipos de pesquisa eticamente sensíveis, nos EUA.

Na verdade, a recente exortação da Administração Biden a uma investigação profunda às origens do vírus não garante, bem pelo contrário, que se explore o assunto na vertente que tem a ver com a pesquisa “gain of function” (GOF), no IVW.

Aqui chegados, importa salientar que a pesquisa GOF se refere em termos gerais à alteração de um organismo ou doença, no sentido de aumentar a patogénese, a transmissibilidade, ou os hospedeiros. Usada para a eventual produção de armas biológicas, é também usada em virologia para melhorar o conhecimento sobre vírus, no sentido de antecipar uma eventual vacina e prevenir uma pandemia.

Exactamente o tipo de pesquisa que Anthony Fauci negou existir, quando perguntado sob juramento, no Senado, mas que consta, também muito especificamente, nos e-mails vindos a público, com a referência integral ao paper “SARS Gain of Function”, de Baric, Shi, et al., publicado na Nature Medicine em 2015.

Ora, Ralph Baric é um virologista que trabalha nos EUA mas que colaborou com o IVW e Shi Zhengli é a famosa “Bat Lady” (assim conhecida por manipular coronavírus que infectam morcegos), uma importante virologista chinesa, com cargos directivos no IVW.

O que se terá então passado, na minha humilde opinião? Como encaixam estas peças no puzzle?

Por que razão a burocracia federal americana procurou a todo o custo descredibilizar a tese de que o vírus é manipulado e terá escapado do IVW?

Por que razão o Dr Fauci mostrou grande preocupação sobre a divulgação desta tese? Por que razão negou, sob juramento, a pesquisa GOF?

A resposta é simples: porque se trata de um laboratório e de uma investigação que contavam com financiamento americano.

E por que razão os americanos financiariam esta pesquisa num laboratório chinês? A meu ver, por um conjunto plausível de razões.

Uma delas seria, como declarou Mike Pompeu, da Administração Trump, a nobre intenção de elevar os padrões de segurança dos laboratórios chineses, para evitar problemas como este.

Faz algum sentido mas parece-me demasiado “fofinho”, e não explica nem a censura, nem a desinformação, nem os extraordinários esforços para desviar as atenções da tese do laboratório.

É verdade que nada há de extraordinário no financiamento americano a trabalhos de pesquisa em vários países do mundo, para lá da inacreditável ingenuidade dos burocratas e políticos americanos, perante o facto de este especifico laboratório se situar num país totalitário, cujo governo não esconde as ambições globais e tem controlo completo de tudo o que acontece no seu território. (De resto, à semelhança dos que, por cá, não hesitaram em vender à China o acesso a negócios e infraestruturas essenciais).

Outra razão, porventura menos ingénua, poderia ser a conveniência em seguir o que se passa nas instalações de pesquisa chinesas.

Um receptor que recolhe dinheiros estrangeiros é obrigado a alguma transparência na pesquisa e o financiador pode, em teoria, manter os assuntos debaixo de olho.

Mas a razão que explica perfeitamente as coisas, incluindo os perjúrios do Dr Fauci, é a de que os EUA, entre 2014 e 2019, financiaram deliberadamente, através do NHI do Dr Fauci, a pesquisa GOF que ocorreu no IVW, num total de 3,4 milhões de dólares.

Uma vez que envolve riscos sérios e pode, por mero erro procedimental, desencadear uma pandemia que mate milhões de pessoas, a Administração Obama, perante o dilema ético, suspendeu este tipo de pesquisa em 2011 (foi retomada em 2017, pela Administração Trump).

Faz por isso todo o sentido que as instituições federais que, nos EUA, lidam com este tipo de questões, como o NIH do Dr Fauci, tenham procurado contornar a moratória de Obama, financiando a investigação em locais onde ela não fosse proibida. É também provável que outras entidades privadas estejam envolvidas no financiamento, eventualmente por razões humanitárias ou prosaicamente lucrativas, como por exemplo Bill Gates, referido dezenas de vezes nos e-mails do Dr Fauci.

Isto para além de outras eventuais estruturas federais que lidam directamente com as questões de investigação e defesa, no capítulo das armas biológicas.

É verdade que as Convenções de Genebra proíbem estas coisas, mas os estados sabem que se trata apenas de tinta sobre papel e são obrigados a investigar, porque os potenciais e actuais inimigos também o fazem.

A questão aqui é que a censura e a manipulação são, neste caso, tão grandes, que a opinião pública já não sabe em que acreditar e instalou-se um denso clima de desconfiança que coloca até em causa a coesão dos países.

A COVID-19 terá provavelmente saído de um laboratório, por erro ou intenção, mas isso tem de se saber com toda a clareza possível.

E, acima de tudo, as pessoas têm de saber que há pesquisas científicas que têm de ser feitas, que elas envolvem riscos, mas que o risco maior é fazê-las em países como a China, que imediatamente se apropria desse conhecimento e pode perfeitamente usá-lo sem os pruridos éticos que por cá nos orientam.


José do Carmo

* O autor escreve segundo a norma ortográfica anterior.

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Latest comments

  • Para além de tudo o que disse, lembro que este tipo de “vacinas” estavam à espera/oportunidade para serem usadas/testadas. Coincidência?
    São baratas, mais rápidas de produzir e dão maior lucro.
    Neste momento os produtores estão isentos de qualquer responsabilidade.

    French Virologist, Who Discovered HIV, Says Coronavirus Originated In A Lab
    a 19 de abr. de 2020
    https://www.youtube.com/watch?v=usyQgPU-VrI

    Apenas um exemplo
    “Several key advisors who urged WHO to declare a pandemic received direct financial
    compensation from the very same vaccine manufacturers who received a windfall of
    profits from the pandemic announcement.”
    June 05, 2010
    https://www.naturalnews.com/028936_WHO_vaccines.html

    Os interesses económicos são astronómicos. Os países, os regimes, os líderes são desta ou daquela cor mediante as conveniências e os papeis que vão representar em nome do lucro e do controle da população, ou mesmo das experiências que se vão fazendo.
    Já não me lembro do filosofo que +/- dizia que a população depois de cada revolução
    acabava por descobrir que a única coisa que mudou são os tiranos que os governam. Desculpe a desvio.

  • “…para lá da inacreditável ingenuidade dos burocratas e políticos americanos,…”
    Quando a esmola é grande o pobre desconfia. Demasiada ingenuidade para ser verdade.
    Mas não são só os americanos a fazer isso. Na america é possível saber os podres dos governantes, na europa é muito mais complicado. Somos todos, quiçá por tradição, muito mais subservientes. Primeiro éramos propriedade dos reis, agora somos
    propriedade dos estados/governos. Hábitos antigos são difíceis de detectar e eliminar. E não se ensina que há mais mundo.
    .
    “(De resto, à semelhança dos que, por cá, não hesitaram em vender à China o acesso a negócios e infraestruturas essenciais).”
    Crime(s) de lesa pátria?
    Negócios normalmente impostos por quem supostamente nos vem ajudar a salvar-mo-nos… de nós próprios…
    É, novamente o ocidente a ajudar um regime monstruoso, tal como fizeram com a ex urss. Foi descarada a forma como os P.I.G.S. ajudaram a salvar a economia/banca alemã. Mas, já ninguém se lembra disso ou acredita que seja verdade lol
    Repare, eles pegam nos lucros e depois investem cá para nosso benefício(*)… expoente máximo de filantropia e, ainda nos vendem quase tudo o que é necessário (luvas, máscaras epis, toucas etc etc etc) para combater a pandemia… que a natureza chinesa foi responsável…

    *https://www.americanthinker.com/articles/2021/02/the_confucius_institutes_a_study
    _in_subversion.html
    https://www.youtube.com/watch?v=iLva1D8wRVE

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