De Costa à contracosta

® Imagem de João Pedro Correia, CC BY 2.0, via Wikimedia Commons

A visita clandestina de António Costa a Viktor Orbán, em 31-5-2023, que o Observador furou, só se explica pela manobra de António Costa se aliviar do carga do Governo para se enfiar num tacho da União Europeia (UE).

A escala em Budapeste, justificada com a presença na final da Liga Europa e dar um abraço a José Mourinho (treinador da Roma) é uma desculpa patética de alguém apanhado com a mão na quinquilharia da UE. A análise de dirigentes da oposição, que o CM, de 19-6-2023, relata, parece certa.

A visita de Costa ao primeiro-ministro da Hungria parece não ter outra fundamentação: Orbán é o irredentista que põe em causa as fronteiras da Europa central e dos Balcãs – reclama a Transcarpátia da Ucrânia, a Transilvânia da Roménia, o sul da Eslováquia, a Voiodina da Sérvia, a Eslavónia da Croácia. E o líder conservador do grupo de Visegrad (a aliança geopolítica da Hungria, Polónia, Chéquia e Eslováquia), grande opositor do neo-marxismo politicamente correto e da ideologia de género. Portanto, na linguagem abrangente da esquerda, Orbán é um ditador fascista e a última pessoa com quem Costa quer ser associado já que é o líder da alegada extrema-direita húngara. Visitou-o para lhe pedir batatinhas do gulyás para a sua jardineira…

António Costa sabe que o seu governo tem os dias contados. Com a crise económica continuada no País, e/ou os baixos salários, a falta de habitação, o elefante rosa da TAP dentro do palácio, a balbúrdia nos ministérios e a Europa em recessão, a degradação do apoio do povo é crescente e a sua queda é inevitável. Logo, quer saltar de encargo de Lisboa para uma prateleira dourada em Bruxelas, abrigado da tempestade que criou até às eleições presidenciais de 2026. Tem até o precedente de Durão Barroso para se justificar.


António Balbino Caldeira
Diretor

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