(Imagem editada pelo Inconveniente)
Andrew Cuomo, governador democrata do Estado de Nova Iorque, foi acusado por sete mulheres de má conduta sexual. Apesar da falta de evidências sólidas, Andrew Cuomo é dado como culpado por uma opinião publicada excessivamente alinhada à esquerda.
Andrew Cuomo está a provar do veneno que ele próprio ajudou a criar, seja por omissão ou por oportunismo político. Destacou-se, durante a epidemia, como um dos governadores democratas com uma retórica muito violenta contra Trump. Embora Cuomo seja um político centrista é também conhecido por não olhar a meios para atingir os seus fins políticos. Não se lhe conhece oposição às radicais da ideologia do género e da cultura do cancelamento. Agora, chegou a vez dele provar do veneno que dilacera a América.
A acusação a Andrew Cuomo: o gabinete do governador é um sítio caótico para se trabalhar. Uma das mulheres acusa Cuomo de ter colocado a mão sobre a mão dela. Outra acusa-o de lhe ter tocado na face. Como é hábito nestes casos, as acusações sucedem-se e surgem quase sempre de antigas funcionárias que deixaram de o ser. No final, o objectivo é sacar uns milhões de dólares em indemnizações cíveis e humilhar, calar e ostracizar o acusado que, em muitos casos, é apenas alguém que ficou na mira das brigadas do ressentimento.
O modus operandi é sempre o mesmo. As polícias da linguagem e as brigadas dos bons costumes deixam escorrer para os média, regra geral canais televisivos de esquerda, suspeitas sobre má conduta de um caucasiano, heterossexual, que não alinha com o politicamente correcto. De seguida, as brigadas lançam ataques sucessivos nas redes sociais. Por fim, o suspeito é dado como culpado e aceita indemnizar as putativas vítimas e pedir desculpa em público, aceitando as acusações, ainda que não haja evidências sólidas.
A extremista anti-homem branco ocidental, e membro da Câmara dos Representantes, Alexandria Ocasio-Cortez, veio a público exigir a demissão de Cuomo. Nos últimos dias, os média e as redes sociais não pararam de exigir a demissão do governador. Seguiram-se outros pedidos de resignação apresentados por senadores democratas.
As feministas radicais, ativistas da ideologia do género, não perdem uma oportunidade para perseguir qualquer homem caucasiano e heterossexual que evidencie o mais leve desvio à nova ortodoxia imposta pelas minorias que cavalgam o ressentimento. O mais leve descuido com a linguagem ou um comportamento politicamente incorrecto são suficientes para que as brigadas do ressentimento venham a público acusar o incauto de estar ao serviço do patriarcado, da homofobia, da transfobia e do racismo. Ao incauto, apanhado pela onda radical e extremista, resta pedir desculpa, fazer uma autocrítica pública, ou calar-se para sempre. O objectivo das brigadas do ressentimento é a humilhação pública e o ostracismo de todos os que não obedecem à nova ortodoxia totalitária.
As radicais só largam Cuomo quando ele pedir a resignação. Na América politicamente correcta não é preciso esperar pelas decisões dos tribunais para condenar uma pessoa. A nova inquisição, alimentada pela cultura do cancelamento, substituiu-se aos tribunais na condenação dos indivíduos que recusem usar a novilíngua ou tenham um comportamento considerado desviante pelas brigadas do policiamento da linguagem e pelos polícias dos costumes.
O extremismo e o tribalismo estão a afundar a América. O irracionalismo e a subjectividade tomaram conta do discurso público. Os radicais de direita e de esquerda, alimentados pela defesa das identidades particulares e pelo ressentimento, colocam americanos contra americanos, mergulhando os EUA na litigância e dissensão. Esta onda de radicalismo irracional atravessa a América, mina a noção de bem comum e ameaça a democracia. A onda de estupidez, irracionalismo e intolerância está a chegar à Europa e quem se lhe opõe é chamado de populista. Preparem-se.
Ramiro Marques
*O autor usa a ortografia antiga.