Crónica de meia pandemia

Esta crónica relata a forma como temos vivido a actual crise sanitária em Portugal, mas não só sanitária, também económica e política. Não pretendo com isto tomar qualquer posição sobre a versão oficial da pandemia mas também não me assumo como negacionista (moderado ou extremado). Não sou daqueles que desvalorizam completamente esta pandemia ou que dizem que ela foi planeada para atingir certos fins obscuros, ou ainda daqueles para quem o vírus nem sequer existe. O vírus tem muito poder, é invisível e está em todo o lado mas não é Deus, antes pelo contrário!

Segundo se sabe, em 1918-1920, houve uma pandemia causada pelo vírus da gripe H1N1 que infectou pelo menos 500 milhões de pessoas e provocou entre 20 e 100 milhões de mortes. A população mundial era de cerca de 2 mil milhões. Esta grande pandemia matou pois entre 1 e 5% da população mundial e terá tido uma taxa de letalidade entre 4 e 20% dos casos detectados. E é com esta memória colectiva que enfrentamos agora esta pandemia de 2020. Com a agravante que a população mundial mais que triplicou e é agora de quase 8 mil milhões, mas estamos cientes que estamos agora técnica e cientificamente à frente.

Recuemos agora a Janeiro de 2020, quando eclodiu na China o primeiro surto desta nova gripe baptizada de COVID-19, causada por um coronavírus de nome Sars-Cov-2. Apesar do alerta ter sido dado pela China em Janeiro, o vírus estaria já em circulação desde há um par de meses, daí que a suposta doença tenha levado o apêndice 19, sugerindo o ano do seu aparecimento, 2019. Há quem defenda que o vírus foi fabricado num laboratório de Wuhan donde terá escapado, segundo as revelações de uma cientista que fugiu da China. Vá-se lá a saber porém se alguém não terá pago à cientista só para tramar a China…!!! Se o vírus apareceu espontaneamente ou se foi fabricado, isso é agora igual ao litro. Queremos é que ele desapareça de vez!
Após o alerta das autoridades chinesas, os cidadãos estrangeiros residentes em Wuhan entraram em pânico e quiseram regressar o mais depressa possível aos seus países para fugir ao vírus. Hoje talvez tenham já percebido que não havia necessidade… Estabeleceram-se várias pontes aéreas de Wuhan para todo o mundo afim de salvar os cidadãos estrangeiros do vírus, mas este viajou clandestinamente para todo o lado. Descobriu-se, na altura, que o vírus viajava também num navio de cruzeiro, o Diamond Princess, que aportou ao Japão onde as autoridades não permitiram, durante semanas, o desembarque dos 3700 passageiros entre os quais mais de 700 ficaram infectados e destes viriam a morrer 12. Depois, com muitas precauções e testes realizados a quase todos os passageiros (3000 testes ao todo), permitiram que estes fossem saindo e enviados para os seus países de origem, após o cumprimento do isolamento exigido pelas autoridades japonesas. Este caso do Diamond Princess permitiu aos epidemiologistasi extrapolar para Wuhan as taxas de letalidade do vírus, numa situação única em que quase toda a população do barco (um sistema fechado) foi testada. A extrapolação revelou que a CFR (case fatality rate) em Wuhan seria 1,1% em vez dos 3,8% calculados pela OMS e a IFR (infection fatality rate) seria 0,5%. Esta situação não se repetiu em mais lado algum porque não há sistemas totalmente fechados e o número de infectados é sempre maior do que o dos casos detectados já que os testes nunca abrangem toda a gente em simultâneo. Em geral o que se conhece é a taxa de mortes por casos de “infectados detectados” ou CFR que depende muito do número de testes realizados e dos grupos testados. A IFR é que nos dá a informação sobre a letalidade em relação a todos os realmente infectados.

Embora se tenha acreditado que o vírus não seria capaz de infectar todo o mundo, em 2 meses ele espalhou-se por todos os países e a OMS, de início reticente, acabaria por declarar a 11 de Março de 2020 uma pandemia de uma zoonose com origem em Wuhan, causada por um novo coronavírus que viria depois a ser designado por Sars-Cov-2. A OMS aconselha então todos os países a tomarem medidas de contenção semelhantes às da pandemia da gripe A de 2009 (desinfecção das mãos, distanciamento social, limpeza, etc.) mas só recomenda o tratamento dos sintomas com Paracetamol e Ibuprofeno. Nenhum medicamento ou suplemento foi recomendado para a prevenção da doença ou estímulo de defesas imunitárias já que ninguém sabia o que era a nova gripe nem como tratá-la. Ficou logo claro que a única forma de vencer a pandemia seria aguardar a chegada de uma hipotética vacina a desenvolver pelas farmacêuticas, coisa que em geral demora alguns anos. A OMS não podia prever que a vacina estaria já disponível no final do ano de 2020. Pode-se dizer que a recomendação de aguardar pela chegada da vacina foi, no mínimo, uma cartada de elevado risco para a OMS e para o mundo. As autoridades sanitárias da maioria dos países seguiram escrupulosamente as indicações da OMS, ficando deste modo protegidas de futuras críticas em relação a erros cometidos pela tomada de medidas não recomendadas ou previstas pela autoridade suprema da Saúde Mundial. Havendo erros, estes seriam da responsabilidade da própria OMS.

Um dos primeiros países europeus a ser afectado pelo novo coronavírus foi a Itália onde ele se espalhou de forma rápida e trágica, seguindo-se a França, Espanha, Reino Unido, Bélgica, Alemanha, Suécia, etc.. As notícias que vinham desses países eram tão más que o pânico depressa se instalou. Em Itália já havia critérios para decidir quem era ou não ajudado em função da idade ou de comorbilidades devido à falta de meios materiais e humanos. De Itália chegavam-nos imagens de pessoas confinadas nas suas casas a cantar à janela e a exibir um cartaz com um arco-íris e onde se podia ler “Vamos ficar todos bem”, cartaz que foi imediatamente reproduzido por todo o lado e nas redes sociais, como acontece em qualquer catástrofe humanitária. Velas, muitas velas acesas nas janelas a lembrar as mortes dos que não resistiam à doença.

No Japão utilizaram medicamentos anti-virais no tratamento da nova gripe, medicamentos normalmente reservados ao tratamento de outras doenças virais mas, se resultados houve, foram ignorados pela OMS que não aprovou o uso generalizado de qualquer medicamento específico para o tratamento desta gripe, apenas aqui e ali foram feitos ensaios clínicos que não deram, que se saiba, em nada. Se as autoridades sanitárias dos países se escudavam na OMS, esta tinha que, compreensivelmente, ser cautelosa nas suas recomendações para não arcar também com as culpas se algo corresse mal. Estudos diversos reconheceram efeitos protectores da Vitamina D, da Cloroquina, do Remdesivir e até da Aspirina e de outros fármacos. Mas a OMS continuava a dizer que não havia medicamentos para a prevenção ou para o tratamento da COVID-19, levando os países civilizados a seguir as suas recomendações, por precaução. “Não há evidências científicas que” passou a servir para desaconselhar mas também para suportar o que convinha. Por exemplo, se alguém dizia que a Vitamina D protegia da doença, respondiam que não havia evidência científica que a Vitamina D protegesse, portanto era FALSO que a Vit. D protegia. Se alguém dizia que havia maior contágio nos transportes públicos, respondiam que não havia evidência científica que havia maior contágio nos transportes públicos, portanto era FALSO que havia maior contágio nos transportes. Felizmente os países civilizados têm uma Organização Mundial de Saúde que os ilumina e cujas directrizes, se forem boas, salvam todo o mundo civilizado mas, se forem más, podem matar muita gente nesses países. Mas, em qualquer dos casos, ninguém se fica a rir do outro. Saúde mundial, a caminho do Governo Mundial!

Uma das primeiras medidas adoptadas por quase todos os países foi portanto o confinamento e o afastamento social que agora se chama afastamento físico porque o afastamento social podia ser entendido de forma errada como uma alusão à luta de classes sociais de Marx. O uso de máscaras foi de início desaconselhado porque dava uma falsa sensação de segurança e não havia evidência científica que… e podia contribuir até para um maior desleixo e aumentar a propagação da temível doença. Além disso, não havia ainda máscaras em número suficiente à venda, o que podia levar à especulação que, de facto, viria a acontecer pouco depois, quando a procura de máscaras disparou apesar delas não protegerem, segundo as fontes oficiais.

Em Portugal, o primeiro surto teve origem num Festival Literário na Póvoa do Varzim entre 18 e 23 de Fevereiro onde esteve o escritor chileno Luís Sepúlveda que viria a morrer em Abril por complicações atribuídas à infecção pelo Sars-Cov-2. O mecanismo que leva à morte das pessoas infectadas é despoletado pelo vírus mas também depende da resposta de cada pessoa. Desde as primeiras mortes já se sabia quais eram os grupos de maior risco: idosos e pessoas com comorbilidades. Apesar disto, quase todos os governos responderam à pandemia com o lavar de mãos, confinamento e afastamento físico para toda a gente qualquer que fosse o seu credo, idade, raça, género ou condição social, logo seguido da generalização do uso de máscaras, entretanto reconhecidas como protectoras não daquele que as usa e que pode ser um transmissor da doença, mas sim das pessoas à sua volta que podem ser infectadas por ele. Usar máscara passou a ser um acto de altruísmo mas em breve passaria a ser obrigatória e fonte de receita para o estado já que quem circulasse sem máscara ficava sujeito a coimas que podiam ir até 500 euros.

Fecho de escolas, espectáculos, desportos, restauração, consultórios, ginásios, cabeleireiros, bancos, repartições. Teletrabalho, desfasamento de horários, proibição de deslocações para fora do concelho de residência, cancelamento de voos. Cancelamento de consultas em hospitais e centros de saúde, adiamento de cirurgias. Feiras e mercados de rua fechados. Paralisação quase geral por causa de um vírus que, não sendo muito mortal é, porém, muito contagioso segundo nos diziam… e dizem! Mas estava toda a gente convencida que seria um mesito ou dois de sacrifício e tudo voltaria depressa ao normal. A restauração foi dos primeiros sectores a fechar as portas, seguindo o exemplo dado pelo chefe Ljubomir. Mas ele também, coitado, pensava que era por uma questão de semanas, talvez um ou dois meses. Muitas pessoas responsáveis diziam que quanto mais rigoroso fosse o cumprimento do lockdown, mais depressa poderíamos voltar à normalidade, apesar de muitos especialistas saberem que as medidas visavam exclusivamente aliviar o SNS, para que não estivesse toda a gente infectada ao mesmo tempo por falta de meios materiais e humanos. As medidas de confinamento e de fecho da economia retardam mas não evitam o contágio progressivo das pessoas que, não havendo vacina, acabam todas por ser infectadas, uma questão de tempo apenas.

A 12 de Março um cidadão ucraniano é barbaramente espancado e morto pelo SEF no aeroporto de Lisboa, possivelmente (ironicamente!) por estar alegadamente infectado com o vírus chinês que não escapou ao olhar e olfacto atento daqueles inspectores da nossa bem treinada polícia de fronteiras, apesar de não haver nessa altura nem testes nem controlo de temperatura para quem chegasse ou partisse de Portugal.

A crise sanitária começa a transformar-se em crise económica. Começam as falências, os despedimentos, os layoffs, os apoios da segurança social, as moratórias, o desemprego, a fome, a proliferação de movimentos de solidariedade, a sopa dos pobres, a pedinchice. Mais divórcios e violência doméstica como consequência das medidas de confinamento. Também há vantagens como a redução de acidentes e mortes na estrada, redução das emissões de CO2, e o aumento da poupança das pessoas que não foram afectadas pela perda de rendimentos e que se viram obrigadas a reduzir no consumo por não poderem gastar nos serviços e na saúde.

No comércio, as mercearias e os supermercados foram poupados à crise mas com limitação no número de pessoas por metro quadrado. As farmácias só atendiam os clientes num guiché aberto para a rua, com filas de pessoas à espera. Estas vão à procura de Paracetamol, de máscaras e álcool- gel e pedem-lhes 9 euros por uma só máscara; o álcool-gel chegou a estar mais caro que um bom Whisky. O confinamento tinha algumas excepções, continuava a ser possível sair para fazer desporto ao ar livre, passear o cão ou, como é evidente, ir à mercearia ou supermercado. De resto, toda a gente repetia o meme FICA EM CASA. Nas redes sociais, na televisão, na rádio ou em panfletos nas paredes repetia-se à exaustão a recomendação de ficar trancado em casa. Em todos os estabelecimentos havia avisos sobre a COVID-19, álcool-gel à porta como se de água-benta se tratasse. As pessoas benziam-se antes de entrar, punham o véu, digo, máscara, superavam o medo e entravam para fazer as compras a correr e sair o mais depressa possível por causa do bicho. Foram pelo menos 3 meses a circular da sala para a cozinha, da cozinha para a casa de banho, da casa de banho para a sala, da sala para o quarto, do quarto para a casa de banho… Prisão domiciliária para toda a gente pelo crime de estar vivo!

Nos meios de comunicação o tema do vírus e da doença associada, COVID-19, passa a abrir os telejornais e, como cogumelos, nascem especialistas vários que dizem que estamos perante uma pandemia desconhecida, que não sabem nada sobre ela mas trata-se de um vírus muito contagioso e perigoso e, por precaução, devemos todos seguir as recomendações das autoridades de saúde, distanciamento social, confinamento, lavagem de mãos e, aos poucos, aconselha-se o uso de máscaras cirúrgicas ou de máscaras sociais feitas por uma qualquer costureira de bairro para quem não tivesse posses para as cirúrgicas. Não tardariam porém a aparecer máscaras sociais certificadas produzidas pela indústria de vestiário ou de calçado que entretanto se reconvertia, viseiras de acrílico de fábricas de plásticos nacionais, etc.

As máscaras passam a fazer parte do vestuário e as marcas começam a facturar. Nike, Adidas, ministérios, clubes de futebol e Presidência da República lançam as suas máscaras personalizadas. De repente até parece que estamos a acordar para uma nova economia, a economia COVID. Dispensadores automáticos de gel, máquinas de venda automática de máscaras, semáforos COVID, barreiras de acrílico, máscaras que matam o vírus, tapetes com desinfecção automática, sapatos anti- covid, a imaginação covídica não pára de descobrir novas aplicações úteis. Por falar em aplicações, surgiu uma aplicação para smartphone que visava proteger as pessoas do vírus e chamada StayAwayCovid. Possivelmente o seu desenvolvimento foi pago pelo governo e previa que toda a gente a instalasse para rastrear as pessoas infectadas. Estas teriam que, voluntariamente, informar a aplicação se estavam infectadas com a introdução de um código fornecido pelo médico. Os telemóveis na proximidade de um telemóvel de um infectado dariam o alarme aos telemóveis próximos, mas em diferido, isto é, depois dos seus proprietários já estarem eventualmente infectados. Apesar de ser muito recomendada pelo governo, a aplicação não conquistou os utilizadores, muito menos os infectados porque estes podiam ser apanhados a andar na rua quando deviam estar de quarentena. Prisão domiciliária sim, mas pulseira electrónica é demais!

O SNS, entretanto convertido em SNC (C de Covid), debate-se desde Março com a falta de camas de UCI e de ventiladores. Foram montados no exterior dos hospitais tendas para triagem e até hospitais de campanha para fazer face à COVID. O Governo encomenda centenas de ventiladores à China que chegam com instruções em chinês e outros com falta de peças e outros nem sequer chegam. Os media vão às conferências diárias da DGS/MS e bombardeiam a Directora-Geral, o Secretário-Geral e a Ministra com perguntas sobre a COVID. Números, números e mais números sobre a Covid. Quando começou a morrer gente infectada com o vírus, a DGS disse que quem morria com um teste positivo à Covid, era considerado uma morte Covid. Mesmo que fosse de acidente de viação ou num incêndio! E os números Covid dispararam a partir de Março. Desde o início foi claro que os casos mais graves que resultavam em morte atingiam sobretudo os idosos e/ou pessoas com comorbilidades. Acham que isso serviu para alguma coisa? Não! Lares legais e ilegais, privados ou não, era onde o vírus mais atacava e matava. Ainda se falou em equipas médicas de intervenção rápida como solução de emergência para os lares mas essas instituições não foram minimamente protegidas pela saúde pública. As medidas de contenção abrangiam todos de forma democrática, geral e abstracta, sem se preocupar com grupos de risco: toda a gente em casa, máscara para meninos, adultos e velhos. É verdade que foram proibidas as visitas aos lares, mas o vírus entrava pela porta dos fundos, agarrado aos cuidadores que continuavam a entrar e sair. Estes iam escasseando porque tinham de estar de quarentena cada vez que surgia um surto. Nos lares nunca mais houve sossego, os surtos de Covid sucedem-se sem controlo. Um dos surtos mais célebres foi o de um lar de Reguengos de Monsarraz onde ninguém quis depois assumir responsabilidades pela falta de cuidados a que os velhinhos foram votados, tendo nessa altura o Costa atirado as culpas para os cobardes dos médicos a quem alegadamente competia ter dado assistência aos velhos do lar.

A 18 de Março foi decretado o primeiro estado de emergência pelo PR que estava desde 8 de Março de quarentena por receio de ter sido infectado. Pode ser que o susto de Marcelo tenha servido para que a pandemia em Portugal tenha feito, na primeira vaga, menos vítimas que no resto da Europa. Depois disso vieram os estados de calamidade, de contingência, etc..
As estatísticas mundiais da COVID ficaram logo disponíveis em sites próprios que acompanham a evolução diária da pandemia. Os matemáticos puseram-se a fazer contas com base nesses dados e a fazer previsões sobre a evolução da pandemia. Em França, por exemplo, 25% dos casos detectados e encerrados resultam em morte ao passo que na Alemanha esse número é de apenas 2,5% e no mundo é de 3%. Apesar de relativamente altas, estas percentagens não nos devem levar a concluir que 3% da população mundial (210 milhões) irá morrer. Nem toda a gente será infectada e, como nos mostrou a situação do Diamond Princess, a IFR será muito menor. Após um ano de pandemia, temos cerca de 2 milhões de mortes Covid no mundo o que representa 0,03% da sua população, ainda muito longe da mortalidade de 1 a 5% da gripe espanhola. Isto não é motivo para não estarmos preocupados e vigilantes, mas ajuda a perceber melhor qual a verdadeira dimensão desta pandemia, no meio do pânico que andam a incutir nas pessoas diariamente! E ajuda a perceber também porque é que a OMS retirou da definição de pandemia a “elevada mortalidade” depois do fiasco com a pandemia da gripe dos porcos de 2009, em que houve suspeitas de pressão da indústria farmacêutica para favorecer o desenvolvimento e a venda de vacinas!

Em Portugal, aproximava-se o 13 de Maio, data em que o santuário de Fátima é invadido por milhares de fiéis católicos que enchem o espaço de tal forma que o distanciamento físico se torna impossível. Mas é difícil para um qualquer governo proibir aquele ajuntamento de pessoas que vão à procura de conforto religioso, cumprir promessas, pedir a Deus que os livre do COVID… Foram por isso definidas regras de ocupação do santuário, feitas marcações no chão, controle policial da entrada, velas numeradas, proibição de andar de joelhos, etc.. Mas, ao contrário do esperado, após esta concentração religiosa, os casos de Covid começam a diminuir em Portugal e não só. Milagre! Quem sabe se foi mais um milagre de Fátima…???!!! Ou terá sido apenas o clima?!

Ao mesmo tempo o Novo Banco já exigia o pagamento da tranche de centenas de milhões referente ao ano 2020, quantia essa prometida no negócio de privatização liderado pelo Ministro das Finanças Centeno. O negócio da venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star foi fechado em 2017 com aval da UE. O Fundo de Resolução deu uma garantia de 3,9 mil milhões de euros (quase 2% do PIB) sobre os ativos tóxicos do ex-BES. António Costa garantira que não haveria custos para os contribuintes nem impactos nas contas públicas. O Banco foi entregue a custo zero, segundo as más-línguas. Uma vez que se tratava de cumprir um contrato, Centeno transferiu a tranche de 2020 em Maio, sem dar conhecimento ao Costa. Isto revoltou as pessoas porque, no meio de uma pandemia em que o dinheiro seria necessário para apoios a empresas e pessoas, a prioridade era salvar um banco maioritariamente privado!!! Mas isto não impediu que Centeno fosse indicado para Governador do Banco de Portugal, cargo que veio a ocupar no meio da algazarra da assembleia que quis aprovar uma lei que impediria essa passagem por incompatibilidade com o cargo que desempenhara até aí. Os cães ladram e o Centeno passa em Julho para o BdP.

Em Abril já o governo andava a falar na ajuda que viria da UE por conta da pandemia, tendo Costa referido que não seria uma fisga mas sim uma bazuca que iria permitir a recuperação dos estragos da pandemia. Mas, falho de ideias de como gastar todo o dinheiro da bazuca, chama um privado ligado aos petróleos da Gulbenkian, o Prof. António Costa e Silva, para delinear um plano de Recuperação e Resiliência. O homem, conhecido por ser um visionário, não se fez rogado e, em muito pouco tempo, apresenta a sua proposta para o plano de Recuperação e Resiliência. Este plano está dividido em 3 grandes Rúbricas que se subdividem em várias alíneas e cada alíneia em vários sectores. Essas 3 grandes rúbricas são a Resiliência com 8,2 mil milhões de euros (Vulnerabilidades sociais, Potencial Produtivo e Emprego, Competitividade e Coesão Territorial) , a Transição Climática com 2,9 mil milhões de euros (mobilidade sustentável, descarbonização e bioeconomia, eficiência energética e renováveis) e a Transição Digital também com 2,9 mil milhões de euros (Escola Digital, Empresas 4.0, Administração Pública Digital). E assim, de acordo com este plano, 14 mil milhões de euros da bazuca dos 45 mil milhões já têm destino previsto. E o resto? O resto vai servir para salvar a TAP, o Novo Banco, construir o TGV, o aeroporto do Montijo, mais uma ponte sobre o Tejo, indemnizações às concessionárias de auto-estradas por perdas devidas à pandemia, comissões aos facilitadores de negócios, etc.. E ainda vai ser pouco, vão ver! Vai ser um regabofe sem fim.

A seguir, quiçá em Junho ou Julho, chegou a notícia da falência lógica e iminente da TAP que, para não falir, precisaria de um investimento imediato de 1200 milhões de euros do estado que, com isto, passava a ser o maior accionista (renacionalização), poucos anos após a sua reprivatização pelo governo de Passos Coelho. O anterior sócio maioritário aceitou 50 milhões para sair da TAP mas depois veio ameaçar o estado com processo em tribunal porque tinha direito a muito mais, qualquer coisa como 250 milhões. Mas a TAP, mesmo assim, vai precisar de mais 3000 milhões de euros até 2024 e terá que despedir mais de um milhar de trabalhadores, vender aviões (a quem?) e transformar-se numa mini-TAP. Mais uns 2% do PIB para a TAP que, somados aos do Novo Banco, dá 4% do PIB.

Nas redes sociais e na internet aparecem movimentos de contestação que consideram desproporcionais as medidas de contenção da pandemia, e surgem também diversas teorias da conspiração que juntam a China com a OMS e esta com Bill Gates que também seria interessado na introdução da vacina a nível mundial, quer para controlo da natalidade, ou para aumento da mortalidade, mas também para proveito material, um proveito semelhante ao da Microsoft que em tempos criou uma vacina mundial chamada Windows – cada computador que se vende com Windows rende pelo menos 50 euros ao tio Bill. Lá porque Bill Gates é um dos que sustenta financeiramente a OMS e tem uma fundação empenhada na vacinação e ligada a farmacêuticas como a Pfizer, não significa que haja qualquer conluio para desencadear uma pandemia só para vender as vacinas. Entre os teóricos da conspiração aparecem também os negacionistas, aqueles que acham que nem sequer existe uma pandemia e que os testes PCR dão positivos falsos para fazer subir o número de infectados. Por outro lado, outras mortes como as da gripe que, apesar de haver vacinas, matava todos os anos, deixou de matar. Será que esses testes PCR confundem uma qualquer gripe com a COVID? Os movimentos negacionistas organizam-se e dão pelo nome de Médicos pela Verdade, Advogados pela Verdade, Jornalistas pela Verdade, Psicólogos pela Verdade, etc.. Mas nenhum movimento de Políticos pela Verdade! Esses movimentos fazem circular notícias que provam que a pandemia foi planeada com antecedência, publicam as provas na internet; estou a lembrar-me de uma dessas provas em que o Banco Mundial dá conta, em 2017, de transações de testes para a COVID-19; e outra notícia de que, em 2019, se realizou um evento chamado Event 201 que foi um exercício de simulação de uma pandemia muito semelhante à pandemia da Covid.

E, pelo menos na Europa, começa a haver manifestações de rua contra as máscaras, contra o confinamento, contra o desemprego, queremos as nossas vidas de volta! Os manifestantes tiram as máscaras em público, fazendo lembrar as manifestações das feministas a tirar os sutiãs.

Os defensores da versão oficial da pandemia dizem que os conspiradores e negacionistas são os mesmos que acreditam na teoria da terra plana e que o Homem não foi à Lua; que a Ciência vai provar que a razão está do lado deles, os filhos de Epimeteu. Nada lhes dá mais prazer do que saber pelas notícias que um conhecido activista negacionista morreu com COVID. Uma coisa é certa, para que os negacionistas tenham razão, teria que haver um complô a envolver quase todos os países, os seus governos e autoridades de saúde locais, a OMS e a ONU. Ou seja, os mesmos que estão determinados no combate das alterações climáticas, e que dizem que temos que reduzir as emissões de CO2, o gás mais perigoso dos nossos dias, responsável pelo efeito de estufa que faz aquecer o planeta. Até deviam estar satisfeitos com a pandemia que, ao paralisar a economia, deve ter reduzido bastante as emissões. Carros e aviões parados, indústrias a meio gás, produção em queda livre mas o ar mais limpo… Mais limpo uma ova, cheio de vírus! Na verdade também houve governos negacionistas como os dos EUA, Brasil, Bielorrússia, Tanzânia, etc.. Nem todos afinaram pelo mesmo diapasão, mas foram poucos. As posições começam a extremar-se, uns do lado da versão oficial e outros contra ela e incitando as pessoas à desobediência civil.

Face a esta situação potencialmente explosiva, as autoridades mundiais resolvem introduzir a censura, concretizada pela existência de fact-checkers nas redes sociais, por toda a internet e pelos media. Os jornais clássicos começaram a colaborar na verificação de fake news, sabe-se lá a troco de quê! E também nas televisões aparecem programas de verificação de factos que dizem, com 100% de certeza, o que é a Verdade ou nem por isso, sendo que o “nem por isso” pode variar desde a “Verdade… Mas” ao Falso e Pimenta na Língua, passando por verdade mas fora de contexto, parcialmente verdade, parcialmente falso, etc., etc.. O que é certo é que, se o facto não for considerado VERDADE, se houver alguma dúvida por pequena que seja, as autoridades censórias consideram o facto FALSO.

As vozes críticas ou moderadas em relação à pandemia são também vítimas da censura instalada. Qualquer opinião pública contra a verdade oficial soa logo a negacionismo (rótulo semelhante a comunismo) e é liminarmente rejeitada pelos filhos de Epimeteu que comandam o planeta. Uma simples fotografia onde conste a palavra COVID-19 é banida no Facebook. As vozes dissonantes como a de uma Raquel Varela são descredibilizadas, se for a de Fernando Nobre dizem que ele tem segundas intenções e a do Professor Jorge Torgal nunca mais se ouviu por ter desdramatizado a Covid, o que não convém aos filhos de Epimeteu! Este membro do CNSP sempre defendeu que o SNS não se devia cingir à Covid e devia dar-se mais atenção à protecção dos idosos e de outros grupos de risco, deixando os restantes fazer a sua vida em paz. Mas nesta pandemia é o tudo ou nada, pagam todos pela mesma bitola.

Na China, onde tudo começou, a epidemia está praticamente debelada segundo os dados oficiais chineses que as más-línguas dizem que estão a ser censurados. Os chineses tomaram medidas drásticas e repressivas de confinamento e inibição de circulação mas que deram resultado ao fim de poucos meses, pelo que se diz. Uma jornalista chinesa foi condenada a 4 anos de prisão por divulgar notícias sobre a pandemia sem autorização do partido e teve sorte de não ter sido condenada à morte. No entanto os chineses fabricaram em tempo recorde uma vacina que vai ser fornecida ao mundo, principalmente na América do Sul, África e países da sua esfera de influência mais próxima. Não só isso como a China foi um dos principais fornecedores de equipamentos para o combate à pandemia em todo o mundo, e exigia pagamento adiantado.

Na Suécia, as autoridades confiaram nos cidadãos para que estes adoptassem os comportamentos mais adequados para a sua protecção individual e colectiva. Mas deram-se mal na primeira onda Covid que durou até Julho, com uma das mortalidades Covid mais altas da Europa por milhão de habitantes. O objectivo seria o de atingir a imunidade de grupo mais depressa e passar à fase endémica da doença.

No Reino Unido, o governo de Johnson tinha tomado medidas suaves com um propósito semelhante ao da Suécia, mas o próprio Johnson foi infectado e esteve bastante mal. Teve porém a sorte de ser tratado por Luís Pitarma, um enfermeiro português a quem ficaria eternamente grato. Depois disso, as medidas de contenção no RU passaram a ser mais apertadas, mas nem por isso eficazes devido… ao clima(?). Outro português que se destacou no RU foi o Sr. Maciel Vinagre responsável pela limpeza de hospitais, que foi condecorado com a Medalha do Império Britânico pela Rainha Isabel.

Nos EUA, onde o número de casos diários se mantinha baixo desde Março, há um aumento a partir de Junho, seguido de um patamar com um número elevado de casos diários. O Presidente Trump desvaloriza a epidemia e sugere a toma de Cloroquina e de desinfectantes. A situação viria a piorar com a chegada do Inverno, estando agora os EUA ao nível da Espanha em número de mortes Covid por milhão. Também Trump ficou infectado com Covid, esteve 2 ou 3 dias hospitalizado, recebeu um tratamento especial de anti-corpos (e lixívia?) e saiu curado mas sem sinais de distúrbios mentais mais graves do que os que já tinha antes.

No Brasil, onde a epidemia chegou mais tarde, o número de casos dispara a partir de Abril e o Presidente Bolsonaro também desvaloriza a mesma, dizendo que se trata de uma gripezinha e que o povo brasileiro, habituado a nadar no esgoto, está protegido contra todas as bichezas. Aconselha a Cloroquina contra o resfriadinho. Mas o Brasil teve, nos meses do seu Inverno, nosso Verão, uma enorme onda Covid que amainou a seguir mas que está a subir de novo desde Outubro. O Brasil está agora, com o Peru e a Argentina, ao nível da Suíça em número de mortes Covid por milhão. Bolsonaro também esteve infectado com Covid em Julho de 2019 e, quando reapareceu, trazia uma caixa de cloroquina na mão! Não apresentava também alteração de distúrbios mentais!

Em Madagascar o Presidente Rajoelina promove o uso de uma bebida preparada com a erva Artemísia (reconhecida como tratamento para a malária e outras doenças), à qual dá o nome de COVID-Organics. E vários países de África passam a importar essa bebida milagrosa de Madagascar. De assinalar que há poucos casos de Covid e poucas mortes em Madagascar, mas isso é atribuído à crónica falta de rigor nas estatísticas em qualquer país africano.

Na Tanzânia, o Presidente Mugufuli manda fazer testes PCR de zaragatoas que foram postas em contacto directo com cabras, papaias e óleo de carro rotuladas com nomes fictícios de pessoas, e esses testes dão todos positivo, pelo que ele desvaloriza totalmente a pandemia e os seus testes PCR. Na Tanzânia praticamente não há casos nem mortes Covid, mas isso também é fruto do desleixo dos africanos em registar os mesmos correctamente. Ou isso ou porque, tal como na China, há um governo ditatorial que impede a divulgação dos dados. Cuba e Venezuela estão também entre os países com menos casos e mortes de Covid. Da Coreia do Norte nem falar porque ela não divulga nada e consta que o vírus nem lá entrou!
De facto, em África e, excluindo os países do Norte de África e a África do Sul, quase todos os países apresentam números demasiado baixos de COVID. Não fazem testes porque não têm dinheiro e deste modo não detetam as infecções. As mortes são atribuídas a outras doenças endémicas que por lá existem e fazem concorrência desleal à COVID. Mas muitas dessas mortes são naturalmente de COVID ou, pelo menos, com COVID, segundo os critérios dos países mais desenvolvidos entre os quais Portugal se orgulha de estar e onde qualquer pessoa que morra com COVID também morre de COVID!

A OMS continua a dizer que não há nenhum medicamento para prevenir ou tratar a COVID-19 e a única esperança para a Humanidade continua a ser a vacina em desenvolvimento nos países tecnologicamente mais avançados como os EUA, a Inglaterra, a Rússia, a China, a Alemanha, etc.. “Numa entrevista à “CNBC” em Setembro, Bill Gates dizia não acreditar que nenhuma vacina para combater o coronavírus estivesse desenvolvida até Outubro, sendo somente a Pfizer o único laboratório capaz de o fazer”, citando uma notícia lida na internet. Fica claro que não há qualquer conluio entre a OMS, o Bill Gates e a Pfizer. Clarinho como água!

Em Portugal, com a trégua de Verão da Covid, chegava a altura do governo agradecer aos profissionais de saúde pela sua actuação na primeira onda Covid em declínio. O primeiro-ministro deu-lhes, como prémio, a realização da Champions em Portugal. E foi aqui que o bastonário da Ordem dos Médicos afinou, e foi pedir satisfações ao PM. Ficou tudo resolvido em privado mas o rato do PM, na hora de falar em público, roeu a corda e não disse o que tinha dito ao bastonário nem apresentou desculpas à classe médica. Houve depois troca de galhardetes entre os dois por e-mail e na comunicação social, mas a coisa passou, e lá premiaram os médicos com mais uns tostões para a bica, deram uns vales de compras do Pingo Doce aos enfermeiros e ofereceram máscaras cirúrgicas às auxiliares.

Mas o agradecimento do PM estendeu-se também a todo o povo português: “O vírus teve, eu diria, talvez o azar de encontrar pela frente um povo experimentado e um Governo capaz.” – disse o PM em Junho passado.

O futebol, interrompido desde Março, voltou aos ecrãs mas sem público nos estádios. Os jogadores são testados com frequência e, se testarem positivo, vão de quarentena por 15 dias. É assim que Cristiano Ronaldo consegue tirar umas férias de quando em vez e os treinadores conseguem justificar derrotas porque têm o plantel reduzido devido à Covid.
A redução substancial de infectados e mortes Covid em Junho foi atribuída às medidas drásticas e acertadas tomadas pelo Governo e a vida foi regressando ao Novo Normal, reabriram cabeleireiros com hora marcada, restaurantes a 50% de ocupação, a época turística estava à porta e tínhamos que mostrar que Portugal é um país seguro, especialmente para os ingleses que demandam o nosso Algarve à procura de Vitamina D. O número de casos diminuiu de tal forma que o próprio Reino Unido, onde a pandemia ainda estava ao rubro, acabou por incluir Portugal na lista de países seguros. Grupos de jovens ingleses e holandeses invadiram o Algarve e fizeram festas nas ruas com a PSP e a GNR a tentar fazer cumprir as medidas de contenção, mas sem grande sucesso. Junho, Julho e Agosto foram meses de acalmia da pandemia pelo que a nossa indústria de turismo conseguiu folgar ligeiramente, sem o afluxo normal mas, mesmo assim, muito agradável para os operadores turísticos!

Depois, para que o vírus não adormecesse por completo, algumas festas privadas e de casamentos ciganos, que duram uma semana e juntam mais de cem pessoas, encarregam-se de manter o vírus activo e zelam para que a pandemia se reanime no próximo Inverno em Portugal. De salientar o acontecimento da Fórmula 1 no Algarve que muito contribuiu para a sobrevivência do vírus, se é que o vírus tem vida própria!

O Verão foi um período de descanso para o vírus e este sucesso foi, como já disse atrás, uma consequência das medidas de contenção em boa hora tomadas pelo PR e pelo Governo, a tempo e horas, mas também uma consequência do facto de muitas pessoas estarem de férias e as escolas estarem fechadas. Portugal passou a ser visto como um exemplo a seguir no combate à pandemia, em contraste com Espanha, Itália, Bélgica, França, etc. onde a Covid dizimava as populações. E, para que esses desleixados e incapazes não pusessem a nossa segurança em risco, até fechámos as fronteiras com a Espanha até Julho. A reabertura das fronteiras fez-se com pompa e circunstância com a presença do Rei de Espanha e do Presidente Marcelo, além dos PM dos dois países irmãos, desirmanados pela pandemia. Aliás a pandemia veio despertar o nosso espírito nacionalista e começámos a ser incentivados a consumir o que é nacional. O que é nacional é bom! Mas afinal e a globalização? E a União Europeia, e a venda de sectores importantes ao estrangeiro? E a nossa abertura ao investimento estrangeiro? Querem voltar à Idade da Pedra? Orgulhosamente sós? É tudo muito bonito mas o vírus é globalista.

No Verão foram tomadas medidas para que as praias não se enchessem de pessoas e até foram instaladas bandeiras e semáforos que informavam as pessoas sobre a ocupação da praia. As pessoas podiam aglomerar-se à entrada da praia para evitar a aglomeração na areia ou na água que seria obviamente uma aglomeração muito mais perigosa. Tal como nos centros comerciais onde só podiam estar X pessoas em cada estabelecimento, mas não havia limite do número de pessoas nas filas para entrar. Mesmo ao lado de um dos Pingo Doces das Caldas abriram um centro de testes de COVID que permite ao vírus saltar da fila de COVID para a fila do supermercado com mais facilidade.

Fim de Agosto, aproxima-se a Festa do Avante e a discussão em torno deste evento acende-se nas redes sociais e nos media. E, de novo, são tomadas medidas, o PCP aceita reduzir o número de foliões, marcações no terreno, uso obrigatório de máscara e bandeirinha do PCP e a Festa do Avante foi avante sem problemas. As más-línguas dizem que o Governo não proibiu a Festa porque precisava do apoio do PCP para fazer passar o orçamento de 2021, mas parece que a própria constituição proíbe a proibição de actividades políticas mesmo durante um estado de emergência. A Festa realizou-se, e o PCP deu lições de organização ao país, e não consta que tenha havido mais contágios devido à Festa.

Pior que a Festa do Avante seria o reinício das aulas marcado para 15 de Setembro. Mais planos de contingência, regras de distanciamento e divisão de turmas. Verifica-se difícil ou impossível juntar os alunos numa sala normal, definir trajectos, criar barreiras de protecção, etc.. Acabam-se os intervalos, os alunos têm que permanecer na sua sala até ao fim das aulas, têm que ir à casa de banho à vez, não podem cruzar-se com outros colegas nas entradas e saídas. Autêntico estado de demência colectiva nas escolas!

A partir de 15 de Setembro os casos diários de Covid começam a subir e subir mas os contágios dão-se de preferência em contexto familiar e não nos transportes ou nas escolas ou nos locais de trabalho. O vírus fica sentado em casa e, quando as pessoas regressam, ele… zás, salta-lhes em cima! Um vírus traiçoeiro que nos deixa a todos baralhados. Até porque se infiltra em certas pessoas que não apresentam sintomas da doença e que o transmitem aos mais frágeis. Os assintomáticos são os mais perigosos transmissores da COVID. Se estivermos próximo de um assintomático, devemos fugir logo! São muito dissimulados.

A posição de Portugal no ranking de mortes por milhão começou a subir em Setembro, o povo experimentado e o governo capaz mostraram-se agora inexperientes e incapazes de conter a subida da 2.ª onda, podendo Portugal vir a ultrapassar a breve trecho a Suécia, esse país de pessoas sem coração, descendentes daqueles bandidos dos Vikings e que acham que uma pandemia se pode combater deixando as pessoas entregues a si próprias, como se as pessoas pudessem pensar por si e não precisassem de especialistas, virulogistas, epidemiologistas, profissionais de saúde pública, enfermeiros qualificados como o Luís Pitarma, técnicos de superfície como o Maciel Vinagre, comentadores como o Paulo Portas, Miguel Sousa Tavares, Marques Mendes, etc., para os guiar na pandemia.

Nesta 2.ª onda de Covid foram batidos todos os recordes da primeira onda e o Galo de Barcelos começou a cantar mais baixinho. O número de mortes Covid por milhão, que fora um terço do dos vândalos da Suécia sobe agora para mais de dois terços com tendência de subida superior à dos suecos. Alguém terá dito, creio que foi Jorge Torgal, que essas comparações que se fazem entre países são todas extemporâneas porque no fim estaremos todos mais ou menos iguais. Tudo indica que vamos atingir também as 1000 mortes ou mais por milhão de habitantes como já aconteceu noutros países muito mais desenvolvidos que nós. Bora lá encontrar os culpados desta pandemia!

As escolas nestes tempos de pandemia trabalham em regime pisca-pisca, ora abertas ora fechadas, creches idem. Mal surge um caso, fecha-se, confina-se, desinfecta-se e volta-se a abrir. Professores saltitam entre ensino presencial e online. Tempos difíceis para a Educação Nacional, mas não só. Novo estado de emergência a pensar no Natal. A restauração, tão castigada pela redução do turismo, entra em pânico. Ljubomir torna a entrar em cena mas desta vez para pedir auxílio e protestar contra o fecho ou as restrições impostas à restauração, faz greve de fome, vai parar ao hospital e depois é recebido por Medina que consegue acalmá-lo com a promessa de apoios. André Ventura tenta colar- se à causa da restauração mas é rejeitado e rejeitadas são todas as tentativas de aproveitamento político.

As vacinas ficaram prontas em menos de um ano, um feito científico notável que foi justificado com a simplificação da burocracia mas que as más-línguas dizem ser o resultado do salto de etapas como por exemplo a dos testes em animais. Isto fez com que algumas pessoas pensassem que estariam a ser usadas como cobaias. Aparecem relatos de pessoas que desenvolveram choques anafiláticos após serem vacinadas e até de mortes súbitas, horas ou poucos dias depois da vacinação! Não nos esqueçamos que a vacina da raiva também matou muita gente porque ainda não havia tanta “burocracia”! Agora é a vez dos movimentos anti-vacina tomarem o protagonismo. As vacinas são uma forma de nos injectarem um nano-chip que interage com a rede 5G e nos mantêm sob a vigilância preconizada por Orwell no seu livro 1984. As vacinas provocam efeitos indesejáveis como doenças mentais, infertilidade e mesmo a impotência. Não admira que tenha sido a própria Pfizer a desenvolver o Viagra. A vacina serve para potenciar a venda de Viagra.

Um acontecimento político veio assombrar o período pré-natalício. Descobre-se, nove meses depois, que o ucraniano assassinado em Março pelos inspectores do SEF afinal não estaria infectado com COVID. O corpo fora enviado faz tempo à cobrança para a mulher dele na Ucrânia. Agora era preciso salvar a pele de Cabrita, porque a Directora do SEF pedira entretanto a demissão quando se apercebeu da merda que os seus inspectores fizeram. Mas as pessoas queriam a pele de Cabrita! Até o Marcelo desejou Cabrita assado pelo Natal mas Costa não abandonou o seu fiel amigo. O seu fiel amigo foi, porém, prestar contas à Assembleia da República onde disse que era um defensor acérrimo dos Direitos Humanos (mesmo sendo ucranianos) e que a viúva do Ihor seria indemnizada, tendo incumbido a Procuradora Geral da República de definir o montante da indemnização, mesmo antes do julgamento dos inspectores, e sem sequer ouvir a viúva de Ihor. Mais afirmou Cabrita que, no exercício das suas funções, tudo fez para que não fossem cometidos erros, invocando como exemplo os incêndios de 2020 que não tiveram as proporções dos de 2017. E lembrou que Marcelo tinha dito que não se recandidataria se voltasse a morrer gente como em 2017. Portanto era ele, Cabrita, que tinha garantido a recandidatura de Marcelo, na medida em que em 2020 não morreu gente nos incêndios, apenas alguns bombeiros! Mas lá por morrer um bombeiro, não se acaba a pandemia.

E não falo da Justiça porque ninguém está melhor colocado para combater a corrupção na União Europeia do que um procurador com currículo vitae falso que vai fazer tremer os próprios corruptos. Além disso, Costa reafirma a sua total confiança na Ministra da Justiça!

Também não falo das Infraestruturas porque os comboios espanhóis comprados a preço de saldo para reforçar a rede ferroviária foram um grande negócio mas também um presente envenenado (com amianto) e a TAP, essa vai impedir-nos de voar durante muito e muito tempo. Caso raro neste governo, o Ministro directamente implicado nestes negócios, Pedro Nuno Santos, discorda de Costa quanto à forma de fazer passar o dossiê TAP. Mas fica tudo em águas de bacalhau e o dossiê segue para a UE para aprovação ou reprovaçao! Fala-se agora em converter a TAP numa subsidiária da Lufthansa!

Aproxima-se agora o período crítico, o Natal. Governo entra em alerta máximo mas redobra as medidas de contenção para que se possa festejar o Natal. Proibido circular entre concelhos, recolher obrigatório ao fim-de-semana e depois das onze da noite. O recolher obrigatório foi introduzido em Outubro por alguns países como a Itália, França, Grécia, Espanha e, como sempre, fomos atrás deles.

No início de Dezembro, a Directora-Geral de Saúde, Graça Freitas, aparece infectada com COVID e vai para casa de quarentena. É substituída, nas conferências diárias da Covid, por Rui Portugal. Redobram as recomendações de como passar o Natal em segurança. Momentos altos destas recomendações oficiais devem-se a Rui Portugal que nos aconselha a comemorar o Natal no quintal, podendo a ceia de Natal não se fazer na noite mas sim ao pequeno-almoço da véspera de Natal e que os encontros com os vizinhos podiam ser substituídos pela oferta de compotas deixadas à sua porta ou nos patamares dos pisos. Depois, a intervenção de Marcelo que recomenda que o número máximo de pessoas a juntar no Natal seja 5, independentemente de quantas possam fazer parte do núcleo familiar, mas 5 é o ideal. Se forem só 3, convida-se mais dois, se foram mais que 5, manda-se os excedentes dar uma volta. Mas a melhor recomendação foi a do primeiro-ministro que diz que “se deve procurar evitar reunir o menor número de pessoas no Natal”.

Tal como prometido, no Natal foram levantadas as restrições de deslocação entre concelhos, estando porém todos os governantes convencidos que, a seguir ao Natal viria a 3.a vaga de Covid. Digamos que o Natal foi transformado naqueles suicídios colectivos de seitas pseudo-religiosas americanas como o Templo dos Povos, mas em que o cianeto foi substituído pela Covid.
Já se sabia que a vacina da Pfizer estava para breve, aguardava-se apenas a aprovação europeia. O primeiro lote de vacinas para Portugal foi de 9 mil e tal unidades, que não chegava sequer para todos os profissionais de saúde. O PM anuncia então o início da vacinação para 27 de Dezembro (Domingo), data comum a todos os países da UE. Foi mais um presente do PM aos profissionais de saúde. O teatro foi montado, foram convocados os meios de comunicação para o grande acontecimento que seria a primeira inoculação da vacina Pfizer em Portugal. António Sarmento, 65 anos, diretor do serviço de doenças infecciosas do Hospital de São João, foi o primeiro a ser vacinado, às 10:00 do dia 27-12-2020, data que ficará nos anais da história da vacina em Portugal. No mesmo dia foi vacinado José Miguel Guimarães, 58 anos, bastonário da Ordem dos Médicos. Vão chegar mais 70 mil vacinas em Janeiro para a 1.a fase de vacinação: profissionais de saúde, utentes de lares e pessoal que trabalha em lares. Esta primeira fase de vacinação está prevista durar até Abril, à medida que forem chegando as doses de vacinas da Bélgica onde ela é produzida porque é na Bélgica que há mais infectados e mais mortes de COVID e, portanto, é o país com mais matéria-prima para a preparação da vacina.

A boa notícia é que já há vacina para a COVID! A má notícia é que vai ser preciso um ano ou mais para vacinar toda a gente e não se sabe qual a duração da imunidade para aqueles 95% de vacinados que ficarão imunizados contra a COVID.

Uma palavra de esperança final nesta crónica: com a chegada da vacina, a COVID será despromovida, até final de 2021, a uma gripe sazonal como as outras, e só os grupos de risco passarão a ser vacinados todos os anos. Pelo menos, até ao aparecimento de um novo vírus que venha pôr isto tudo de pantanas outra vez.

Será a nova estirpe do Sars-Cov-2, descoberta no RU, o nosso próximo inimigo? Esperemos que não, que essa estirpe seja também coberta pela vacina.

Você passou por tudo isto, já pensou nisso? Bem, mas se depois de ler esta crónica ainda conserva a sua saúde mental, os meus parabéns! Nada o fará enlouquecer, nem sequer a COVID ou a vacina ou os filhos de Epimeteu que nos governam! Você é um verdadeiro Prometeu, destinado ao sofrimento eterno que a águia lhe causa quando lhe come os fígados!

Henrique Sousa

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Sub-diretor do Inconveniente

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