
A Alucinação Coletiva
As cinco medidas fundamentais de coação das populações e promoção do terror desencadearam aquilo a que pode ser descrito como um estado de alucinação coletiva.
Não era só suficiente condicionar o conhecimento, os comportamentos, mas mais importante que isso conseguir chegar às convicções intimas de cada um, a forma mais eficaz de garantir a estabilidade da nova ditadura. Um totalitarismo perfeito, em que cada individuo se submeta por sua livre vontade aos desejos e planos da elite (os DDMT).
A TV em particular, junto com a PNL negativa, potenciados pelo isolamento, são capazes de atuar como uma droga, um alucinogénio.
Estudos antropológicos revelam que em algumas sociedades primitivas, dirigidas por Xamãs (lideres, sábios, feiticeiros e curandeiros) era utilizado um alucinogénio, designado por ayahuasca 8 como forma de atingir o conhecimento. A ayahuasca gera alucinações vividas: incluindo volume; cor; movimento; e sons; um conjunto de sensações idêntico ao proporcionado por uma produção multimédia 3D moderna.
Para o Homem primitivo que viveu e evoluiu sem tecnologia, os instintos gregários eram fundamentais como mecanismos de sobrevivência da comunidade – e da própria espécie – mais fortes do que a vontade individual. A convicção social gera uma solidariedade, uma identidade coletiva muito forte, à qual cada um é impelido a aderir incondicionalmente.
Se por um lado a cultura Xamânica assentava em parte na alucinação, na magia, desfasada da realidade, esses povos eram pragmáticos, ou seja, no fundo, viviam no constante contraste entre a alucinação e a realidade.
As convicções coletivas, aceites por cada individuo, mas vividas como uma realidade social, geravam em cada um uma sensação de empoderamento, no sentido em que a realidade social global, a convicção agregativa, parece pairar acima da realidade prosaica.
Provavelmente existem mecanismos cerebrais de instinto gregário, tal é a importância central da coesão social para a sobrevivência e evolução da espécie.
Os centros neurológicos do instinto gregário (em termos hipotéticos) poderão ter sede no cérebro mais antigo, juntamente com os instintos e pulsões mais básicas: o arquicórtex o componente cerebral mais arcaico filogeneticamente (muito ligado ao olfato e memória) e o paleocórtex (ligado às emoções, ao processamento do medo e perceção de ameaça). É no cérebro antigo que residem os centros das emoções básicas, como a agressividade, o instinto de fuga e a sexualidade, ou seja, um conjunto de pulsões essenciais para a sobrevivência, individual, mas provavelmente também do grupo.
Os comportamentos rituais, como os exibidos nos encontros sociais ou na religião, são formas evoluidas de processar instintos básicos, impulsionados pelo cérebro antigo, dito reptiliano, filtrados pelo neo-córtex, o córtex racional e consciente, dos hemisférios cerebrais mais superficiais, que anatomicamente cobrem o cérebro mais arcaico 9. Assim os sofisticados atos civilizados cobrem também os nossos instintos primários, que em última análise serão presumivelmente satisfeitos.
Repare-se que no processo alucinatório o individuo pode fazer uma vida normal, o que não é possivel sob a hipnose, um estado de sonolência semi-consciente. Também, ao contrário da psicose, que é uma doença incurável, a alucinação coletiva tem de ser entendida como instinto natural normal, porque deriva de um mecanismo psicológico social com vantagens filogenéticas.
O álcool-gel e as máscaras tornaram-se uma expressão cultural que traduz convicções profundas nalgumas populações (muito fortes em Portugal) constituindo novos rituais de cariz magico-animista 10. Sob a alucinação as pessoas não são acessiveis a qualquer argumentação lógica, quer cientifica quer fatual, como a ausência de catástrofe em termos da mortalidade Mundial bruta, a declaração oficial de uma taxa de letalidade de 0,15% 11, ou a expressão objetiva de uma ‘emergência climática’ politicamente decretada em 2018 na Europa Ocidental, que redunda apenas numa crise pseudo-sanitária.
O isolamento, o fique em casa, a quebra das relações sociais, a despromoção das tradições, incluindo a religião tradicional, predispõem para a recetividade aos novos paradigmas, à programação alucinatória.
A alucinação coletiva é uma expressão dos instintos gregários, explorada de forma empirica ou planeada pelos mecanismos do poder. Em todas as ditaduras, o suporte popular é indispensável para manter a narrativa, através de processos idênticos, mas agora facilitados pela globalização da comunicação, dependente de poucas agências internacionais. A alucinação moderna coletiva já não depende de um alcaloide vegetal, ou das noticias da rádio, mas sim de uma avassaladora máquina de comunicação audio-visual.
No Mundo atual, o produto psicotrópico solúvel foi substituido pela projeção fotónica maciça, global, capaz de gerar uma trans-realidade cognitiva.
(continua num próximo artigo)
Henrique Guerreiro
* O autor escreve segundo a sua própria norma ortográfica.
Notas:
8. A ayahuasca é uma bebida que contém um extrato vegetal, cujo principio ativo é a N,N-dimetiltriptamina, capaz de causar alucinações. Como a substância ativa é inativada no estômago, a bebida é confecionada conjuntamente com outras plantas que fornecem alcaloides, que inibem a enzima gástrica que inativa o principio ativo. A ayahuasca foi utilizada desde tempos milenares, com particular incidência nas sociedades Xamânicas da América do Sul. O significado não literal dos nomes primitivos pode ser resumido com o “professor dos professores”, ou a “planta professora”, aquela que permite atingir o conhecimento superior. É aqui relevante notar que a alucinação resultante é considerada por estes povos como uma realidade transcendental, em sobreposição e coexistência com a realidade prosaica, do dia-a-dia.
9. O pensamento magico-animista consiste na convicção de que praticar determinados atos ou pensar de um determinada forma podem alterar a realidade num sentido preciso. Consiste numa ativação do cérebro reptiliano que tem efeito ansiolitico.
10. Valerá a pena atentar no magnifico preâmbulo da obra de Guy Lazorthes, anatomista e neurocirurgião: Le Système nerveux central: description, systématisation, exploration, Ed. Masson, 1983.
11. Ioannidis, John P A. (2021). Infection fatality rate of COVID-19 inferred from seroprevalence data. Bulletin of the World Health Organization, 99 (1), 19 – 33F. World Health Organization.