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“O primeiro-ministro [António Costa] considerou esta sexta-feira que Portugal e Espanha, em conjunto, podem suprir cerca de 30% das necessidades energéticas da Europa e frisou que os dois países ibéricos estão agora perante uma oportunidade única neste domínio” – pode ler-se na notícia de 3-6-2022 do Jornal de Notícias.
Segundo a notícia, o primeiro-ministro baseou esta afirmação no facto de Portugal e Espanha terem uma capacidade instalada [de potência elétrica?] que, com mais algum investimento, poderia mesmo fornecer ainda mais energia à Europa, na suposição de haver melhor interligação elétrica com a França, assunto que vem sendo discutido há algum tempo mas que não avança porque a França se opõe.
No que respeita à eletricidade, recorde-se que Portugal, mercê das interligações com Espanha, vende por vezes a energia muito barata (que obedece a preços do mercado) porque corresponde à produção de aceitação obrigatória pela rede (renováveis e biomassa) em horas de fraco consumo. Porém, como o preço de compra ao produtor está garantido nos respectivos contratos, é o consumidor, através dos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) que arca com os prejuízos internos ou externos dos comercializadores.
A notícia não refere explicitamente o gás ou outros combustíveis, mas porta-vozes do governo já revelaram planos de transformar Sines na Singapura da Europa como entreposto de importação de gás natural liquefeito e de produção de hidrogénio “verde”.
O primeiro-ministro salienta ainda que Portugal e Espanha possuem reservas de lítio que podem ajudar a Europa na senda da mobilidade elétrica, mas que não são fontes de energia primária.
António Costa considera a guerra na Ucrânia uma “boa oportunidade de negócio” apesar da população portuguesa estar a pagar uma das energias mais caras da Europa, não se percebendo como essa situação pode ser alterada para Portugal (e Espanha) substituírem praticamente as importações da Rússia, que rondam os 45%.
Para a Venezuela, a guerra também será uma oportunidade única:
Numa notícia de 5-6-2022, a agência Reuters informou que, segundo cinco peritos, “a companhia petrolífera italiana Eni SpA e a espanhola Repsol SA podem começar a enviar petróleo venezuelano para a Europa já no próximo mês para compensar o petróleo russo, retomando as trocas de petróleo por dívida interrompidas há dois anos, quando Washington intensificou as sanções à Venezuela”.
Josephvss / Junho 8, 2022
😎 https://www.youtube.com/watch?v=AfzhfvBCrYQ
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Carlos2 / Junho 10, 2022
Claro que a guerra é oportunidade única. Para uns mais do que para outros. Até para a Ucrania acabar destruída mais rapidamente. Há fins que justificam os meios…
Oportunidades decentes, construtivas, exigem outro tipos de pessoas a governar e nos bastidores, tanto cá dentro como lá fora. Por exemplo os EUA, que mantêm a Europa com trela curta, necessitam de mudança de regime. Até lá… hum… como dizia o senhor Salazar: não somos independentes porque temos medo de ser pobres. Pois… somos mesmo pobres… lol
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