A Rússia não é a URSS

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Face a sucessivos desaires, Putin anuncia a fuga para a frente, decreta a mobilização “parcial” e ameaça urbi et orbi com armas “poderosas”. As coisas não correm evidentemente “de acordo com o plano”.

Os adeptos da criatura, desde os órfãos da era soviética, aos delirantes teóricos da conspiração, passando por uma heterogénea fileira de zenerais e obcecados antiamericanos, rejubilam e acreditam que agora é que vai ser, desta vez é que é.

Não lamento desiludi-los!

A verdade é que, face à reafirmada determinação ocidental de continuar a apoiar o esforço de guerra ucraniano, as coisas não vão melhorar para a Rússia, tanto mais que a contestação social irá aumentar inelutavelmente a cada nova derrota, por muito que a propaganda e a repressão as procurem mascarar. Sim, por cá também vai doer, mas muito menos do que doeria aos nossos vindouros, se virássemos a cara para o lado.

É que a Rússia ao contrário do que Putin e alguns admiradores parecem acreditar, é demasiado fraca para muscular os seus devaneios de poder.

Quando decidiu invadir a Ucrânia, para reconstituir a URSS, no delírio de uma megalomania assente na abundância orçamental devida à exportação de matérias-primas, é muito provável que tenha acreditado num desfecho rápido, pelo choque, e desvalorizado o facto de que a base industrial e tecnológica da Rússia já não é a da URSS.

Os seus sonhos e promessas de grandeza internacional, alimentadas por sucessos consecutivos em África, Chechénia, Síria, Geórgia, Crimeia, etc., contra exércitos de fancaria, chocaram com a realidade de um campo de batalha a sério, perante um inimigo determinado e crescentemente bem equipado e treinado. E vê-se agora na situação ingrata e inesperada de ter de lidar com as consequências de um monumental erro de análise, desde os fracassos no campo de batalha, ao descontentamento crescente, passando pelas acusações de derrota ou até traição, pelo desprestígio do seu Exército, e pelo palatino afundamento da sua economia, do qual levará muitos anos a recuperar

A imagem de grande líder, poderoso, seguro, infalível e vitorioso, que tanto se esforçou por cultivar, está a esfarelar-se nos campos de batalha da Ucrânia e sem essa imagem, nada de particularmente agradável o espera no jogo dos tronos

 A Rússia tem um inigualável historial de aquisição de território e basta olhar para um mapa para perceber que é o maior país do mundo. Desde o início, em 1450, até ao fim do Império dos Czares, em 1917, a Rússia foi acrescentando território à média de 25000 Km2 por ano.

Depois, já no tempo da União Soviética, o Exército Vermelho apoderou-se da Ucrânia, de partes da Finlândia, de extensas regiões do Cáucaso, da Ásia Central, da Europa de Leste e até de território japonês.

Os comunistas casaram na perfeição a ideologia com a secular pulsão imperialista russa, criando uma avassaladora máquina de conquista territorial assente no alegado determinismo “científico” de um inevitável triunfo mundial do comunismo.

Mas a tarefa de espalhar o comunismo à bomba requeria uma grande máquina de guerra, e esta exigia uma poderosa base industrial, capaz de a gerar e reabastecer. Sob a batuta de Estaline, ainda antes do rearmamento alemão, já a URSS produzia mais carros de combate que o resto do mundo em conjunto.

O Exército Vermelho congregou o melhor que havia na URSS em meios humanos, material, dinheiro, tecnologia e ciência. Quase 20% do GDP soviético destinava-se directamente ao complexo militar industrial, já sem falar das contribuições indirectas para os sectores “civis” de produção que supriam necessidades das Forças Armadas.

A Doutrina Brejnev estabelecia que em países onde estivesse estabelecido o comunismo soviético, o Exército Vermelho poderia ser usado para prevenir a mudança de regime, como aconteceu em vários países da Europa.

O advento de Gorbachev acabou com tudo isto e trouxe consigo a “maior catástrofe geopolítica”, como lhe chamou Putin. A verdade é que a URSS colapsou sobre o seu próprio peso e contradições, desagregando-se em 14 novos países independentes.

Entre os quais a Rússia, agora reduzida a si mesma, e que nos anos seguintes mudou o seu modelo económico, de uma autarcia para a integração no sistema global de mercado

Nesse sistema, a abundância de recursos energéticos e certas matérias-primas, trouxeram enormes retornos financeiros, que permitiram comprar bens e serviços no exterior, levando, por efeito perverso, à desindustrialização e desinvestimento noutras áreas, um exemplo perfeito da “Doença Holandesa”,

Ao mesmo tempo, as novas tecnologias, centradas no Ocidente, criaram novos modelos de produção dependentes dos criadores dessas tecnologias. A globalização abriu as fronteiras, criou uma divisão internacional de trabalho e cadeias de abastecimento globais.

A participação russa nesse sistema nunca foi brilhante, excepto na produção de energia e matérias-primas, também em função da corrupção generalizada, da interferência governamental, do fraco desempenho do sistema legal e de um fraco clima de negócios.

A corrupção assentou também praça no complexo militar industrial e avultadas quantias atribuídas a desenvolvimento de novos sistemas foram sistematicamente desviadas por oligarcas, amigos de Putin e por incontáveis burocratas em todos os níveis.

Mas Putin não é economista e quando decidiu recauchutar os sonhos expansionistas russos e reaver o mítico  “Russiky Myr”, não tinha bem a ideia da quantidade de equipamentos que a Rússia era agora capaz de produzir  autonomamente, nem o nível de componentes importados que isso implicava. Componentes que as sanções impedem agora de chegar nas quantidades necessárias, até porque mesmo os países que não apoiam as sanções, têm medo de vender para a Rússia, por poderem incorrer em sanções eles mesmos.

E a guerra moderna já não se faz apenas com aço e fogo, com massas de blindados e artilharia a despejar granadas a esmo. Exige chips, semicondutores, alta tecnologia, etc.

Contudo, constantemente sujeitos à épica propaganda nacionalista, os russos continuam a ver-se a si mesmos como uma superpotência, pelo que a incapacidade para subjugar a Ucrânia com um estalar de dedos, é um verdadeiro choque para todos aqueles que, do alto de uma cega hubris imperial, a julgavam desdenhosamente como um estado falhado e uma presa fácil.

Perante os factos, a dissonância cognitiva leva a que, até aqueles que se entusiasmaram com a invasão, tendam a atribuir o falhanço a traição, havendo já quem sugira que Putin é um traidor e um peão dos americanos.

Outra escapatória para a dissonância é acreditar que a Rússia está a combater, não com os insignificantes ucranianos, mas com a poderosa NATO, e ainda por cima com uma mão presa atrás das costas. Estes “falcões” de gabinete e teclado exigem a mobilização, a guerra total, uma economia de guerra, bombardeamentos massivos sobre cidades, destruição de toda a infraestrutura civil, incluindo centrais nucleares e o uso de armas nucleares tácticas, para já.

Menos que isso é, para eles, derrotismo, traição ou covardia.

Ora a verdade é que a Rússia, ao contrário da  URSS na Segunda Guerra Mundial, já não tem capacidade para fazer todas estas coisas e o seu Exército encontra pela frente um inimigo competente.

Não tem os recursos, a tecnologia e a capacidade industrial para criar e manter o tipo de poder que permitiu à URSS empurrar as forças alemãs da Rússia até Berlim.

Qualquer escalada russa apenas levará à escalada da ajuda à Ucrânia, porque todo o Ocidente já percebeu que se a Rússia não é travada na Ucrânia, a guerra chegará inevitavelmente a outros espaços.

É por isso que incrementa a sua ajuda a cada passo, infelizmente apenas de forma reactiva.

A Rússia empregou massivamente os carros de combate nos momentos iniciais, mas a ajuda ocidental  em mísseis e drones, anulou a vantagem. A Rússia reverteu para o uso intensivo de artilharia, a ajuda ocidental introduziu no TO ainda melhor artilharia. A Rússia usa o bombardeamento aéreo, e a Ucrânia dota-se de sistemas de defesa aérea cada vez mais sofisticados. A Rússia usa mísseis de longo alcance, e o Ocidente vai paulatinamente enviando para o TO meios que reduzem a sua efectividade e meios de resposta adequados. Aviões sofisticados não devem tardar muito a serem também fornecidos.

O facto é que a Ucrânia tem cada vez melhores armas e uma acrescida capacidade de os usar, aprendendo também como combater uma guerra moderna. Nada disto vai melhorar para a os russos e a própria divisão na sociedade russa se irá intensificar a cada derrota. Porque, apesar da propaganda, os russos sabem que são estranhos numa terra estranha, que estão a combater num país que não é o deles e a aparente resposta imediata aos esforços de mobilização, traduzida na fuga de milhares de homens mobilizáveis, é um claro indicador do que se pode esperar.

A mobilização “parcial”?

Vamos por partes.

Quanto a meios humanos a Rússia poderia teoricamente mobilizar milhões de homens (também a Ucrânia, by the way), mas isso seria mais um passo para o abismo, porque não só não tem como os equipar, treinar, armar, e abastecer, como iria paralisar vários sectores produtivos, desde a indústria aos serviços, passando pela agricultura, saúde, enfim, seria um vórtice de auto destruição.

O que parece mais lógico é que irá mobilizar cerca de 200 000 homens, treiná-los, equipá-los sumariamente, e enviá-los para as zonas ocupadas, numa tentativa de libertar as forças permanentes para tentar reganhar a iniciativa ou, numa perspectiva mais realista, manter a posse do terreno ocupado e tentar negociar a paz.

Quando avançou sobre a Ucrânia, a Rússia tinha cerca de 3300 CC operacionais e estima-se que quase 10000 em armazém, mas quase todo material da era soviética. O T-90, um dos mais modernos (entrou ao serviço em 2020), é um upgrade do T-72 e o seu desempenho não tem sido especialmente brilhante.

Estima-se que já terá perdido cerca de 80 000 homens, entre mortos e feridos, cerca de 1000 carros de combate, a  maioria, T-72, mas também cerca de uma centena de T-80 e T-90, para lá de 4000 viaturas de outros tipos.

Ou seja, tem ainda muitos T-72s T-80s T-90s e T-62, pelo que teoricamente, neste aspecto não deveria haver dificuldades em equipar as tropas mobilizadas. Na prática as coisas não são assim tão simples já que os CC precisam de extensivas manutenções a intervalos regulares, e as sanções inibem fortemente aquelas que exigem componentes eletrónicos sofisticados. A vulnerabilidade da logística para permitir a estas unidades avançar e combater, é também um pesadelo, dada o alcance e a precisão da artilharia ocidental fornecida à Ucrânia.

Estima-se também que a Rússia já terá usado uma percentagem bastante significativa de suas munições, especialmente as de precisão, incluindo mísseis de longo alcance lançáveis de terra, de aviões e de navios. Mas não tem capacidade industrial para repor os níveis, o que irá traduzir-se na redução paulatina dos fogos e na cada vez maior dificuldade em lançar ofensivas segundo a sua habitual doutrina de combate.

É bastante improvável  que consiga  equipar as novas unidades mobilizadas com o tipo de tecnologia que este campo de batalha está a exigir, pela falta de componentes sofisticados e até de capacidade de regeneração ou manutenção. Neste momento já recorre ao uso de sofríveis drones iranianos e acredita-se também que está a tentar adquirir armas e munições da Coreia do Norte, o que só por si revela que as opções não são muitas.

Na verdade, sob pesadas sanções e com poucos amigos e aliados, a Rússia não tem muito para onde se virar a não ser que a China entre no jogo. 

A doutrina russa assenta no uso massivo da artilharia, mas a cadência de tiro que isso exige, tem custos óbvios na logística necessária, tanto para gerar como para transportar as munições, já sem falar no acelerado desgaste das peças e obuses. A prazo, pura e simplesmente não será possível gastar munições ao ritmo necessário para sequer manter as posições defensivas.

Quanto à Força Aérea, no início foi bastante usada mas as perdas e as vulnerabilidades ditaram a incapacidade de obter a supremacia aérea que lhe permitiria vigiar e atacar em todo o TO. A Rússia perdeu cerca de 50 aviões e optou pelo uso de mísseis de longo alcance, incluindo mísseis antiaéreos dos sistemas S300 e S400, para bombardear em profundidade.

É certo que tem ainda muitos aviões, especialmente Su-34 e Su-35, mas não parece que esteja decidida a arriscar alguma de suas plataformas mais preciosas, num TO onde as armas ocidentais determinam crescentes níveis de letalidade e onde é provável que, brevemente surjam aeronaves sofisticadas operadas pelos ucranianos. Ora a Rússia não tem capacidade de regenerar estes meios em quantidades suficientes. A agravar o facto, os sistemas de defesa aérea, como o Pantsir, têm sofrido enormes perdas em função da crescente utilização de mísseis antirradiação, fornecidos pelos EUA. 

Neste momento os aviões russos praticamente já só atacam alvos com coordenadas conhecidas e reportadas pelas forças no terreno, mas a escassez de drones e outros meios, implica que as unidades terrestres basicamente só conhecem o que está dentro do seu alcance visual.

Para a Rússia cada avião abatido, cada CC moderno destruído ou capturado, cada navio afundado, é um grande revés para Putin, um prejuízo, um rombo no prestígio da indústria militar russa e uma vitória para a indústria militar ocidental.

Quanto ao uso de armas nucleares, para além da bravata intimidatória, não parece haver elementos de racionalidade que suportem o seu uso. De resto, no recente discurso de Putin, apesar de a ameaça estar explícita, não há uma óbvia ligação de causa efeito entre a previsível anexação, os ataques ucranianos e a subida aos extremos.

Aliás o cuidado de Putin com as eventuais reacções internas às consequências da guerra, revela alguém calculista, um jogador de poker que joga no limite das percepções da intimidação e da exaltação nacionalista, mas não um alucinado que quer fazer “all in“, suicidar-se e levar tudo com ele.

Sim a Rússia tem e pode usar armas nucleares tácticas na Ucrânia, num movimento que já estaria para além de qualquer racionalidade. Mas no momento em que o fizer, entra no caminho da autodestruição e uma provável consequência imediata seria o fornecimento à Ucrânia de armas semelhantes, que lhe permitissem responder em espécie.

Qualquer escalada a partir daí seria destrutiva para o mundo, mas essa é a equação que a Rússia tem de resolver, porque foi a Rússia que a criou e só à Rússia compete inverter o rumo dos acontecimentos que desencadeou.

Porque se um qualquer poder nuclear puder apoderar-se de território alheio, brandindo a chantagem nuclear, o resultado será um mundo onde todos os estados terão de equipar-se com armas nucleares.

Até agora, nenhuma potência nuclear fez o que a Rússia está a fazer.

Relembre-se que a Argentina invadiu e conquistou território britânico (as Falkland), sem temer uma retaliação nuclear.

Israel sofre ataques brutais, com milhares de mísseis a partir de países limítrofes, sem que ameace usar a capacidade nuclear.

Os EUA foram quase derrotados na Coreia pelo avanço chinês e admitiram a derrota no Vietname e no Afeganistão, sem que algum dia se tenham lembrado de brandir a ameaça nuclear.

Resta à Rússia fazer o mesmo que fez no Afeganistão: Reconhecer a realidade de que o seu poder é limitado, que não consegue vencer, que se enfraquece e desprestigia a cada dia que passa, regressar a casa, desistir de vez dos furores imperialistas e dedicar- se a melhorar as condições de vida do povo russo.


José do Carmo

* O autor escreve segundo a anterior norma ortográfica.

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Latest comments

  • O que me preocupa eu não ver nenhum esforço no sentido de acordar a paz. Nem de um lado nem de outro. Nem da “sonsa da CEE” a dar tiros no pé

  • Concordo no geral. Na Coreia o general McArthur quis usar armas nucleares tácticas. Apesar do seu enorme prestígio, foi afastado. Um detalhe que não coincide com o que escreveu.

  • José Carmo, excelente artigo, um pouco extenso mas muito interessante! E já agora, o meu aplauso pelas 2 respostas anteriores 🙂 🙂
    O povo russo, que até há uns dias parecia bastante confortável com a situação (tirando um ou outro activista), agora já começa a manifestar desconforto com a mobilização parcial!
    São avestruzes tal como os europeus ocidentais! Gostam da festa, mas quando vem a conta piram-se …
    Imaginem só o que pode acontecer se a Ucrânia fizer uma “operação especial” em território russo …
    Só vejo uma via justa para a paz naquela zona : o afastamento definitivo do Putin, e isso compete aos russos !
    Se não o fizerem pela via “civilizada” alguém terá de o fazer por qualquer via!
    Já tivemos um Napoleão, um Hitler, e um Staline não precisamos dum Putin para nada !

    • O problema é que abundam os politicos russos que defendem a intensificação e radicalização da guerra, também o povo russo parece apoiar as mesmas ideias, mostram-se completamente insensíveis á perda de vidas na Ucrânia e têm como natural a continua expansão russa. Indiferentes ao direito, vêm como legitimo fazer o que bem lhe apetecer sem que ninguém se intrometa ou resista em oposição ao seu designio. Veja que os deputados aprovaram agora mesmo a anexação de território ucraniano, Putin não está sozinho nisto.
      A Russia não tem uma população esclarecida e o país não vai subitamente transformar-se numa democracia normal, posto isto, acha que depois de Putin virá algo melhor? A única vantagem que vejo é que será fácil fazer de Putin um bode expiatório e assumir a retirada de tropas, mas também pode acontecer o contrário, por exemplo a mudança de liderança só intensificou a guerra na tchechenia, nessa altura as pessoas escolheram alguém que lhes pareceu que a podia ganhar e não alguém que prometesse negociações ou retrocesso territorial. Talvez o menos mau fosse Putin engolir a retirada de tropas mas manter-se no poder com a reputação debilitada, algo que também parece impossível acontecer neste momento, mais ainda depois da anexação decretada.

  • “Israel sofre ataques brutais, com milhares de mísseis a partir de países limítrofes, sem que ameace usar a capacidade nuclear.”
    Israel, Israel, Israel. Tem algum fraquinho por Israel?
    Não há dúvida que neste momento existem algumas semelhanças entre o comportamento da Rússia e de Israel. Ambos invadiram territórios e apoderaram-se deles. Ambos (parece que a Rússia também) não vão devolver esses territórios aos seus legítimos proprietários. Mas, nesse aspecto, por enquanto, a Rússia tem alguma vantagem, ainda não arrasou completamente aldeias fazendo-as desaparecer do mapa e, ainda não expulsou em massa os proprietários substituindo-os por russos.
    Vejo muitos governantes, comunicação social, fazedores de opinião, comunidade internacional (seja lá o que isso significa ou quer dizer), etc, indignados com a Rússia por causa disso, mas praticamente ninguém, com poder de fazer alguma coisa, também indignados com Israel. Assobiam para o lado.
    Será que os ucranianos valem mais que os palestinos?
    .
    “Até agora, nenhuma potência nuclear fez o que a Rússia está a fazer.”
    Até agora, nenhuma potência nuclear fez o que os USA fizeram. Hiroshima e Nagasaki.
    .
    Sim parece que a única forma dos países pequenos/mais fracos sobreviverem e/ou conseguirem ser algo independentes é terem arsenal nuclear.
    Já agora, a Alemanha já recuperou totalmente da sua rendição incondicional em 1945?

      • “Israel foi sempre a parte agredida…”
        Em que sítio foi criado o estado de Israel? Numa terra sem povo? Não estou a falar de Birobidzhan, que Estaline deu aos judeus na ex-URSS.
        O que já disseram os ucranianos se a Rússia anexar os terrenos? Que nunca o vão aceitar. O que devem dizer os palestinos?
        “Para começar, os EUA foram o estado agredido.”
        Antes dos americanos entrarem na guerra, qual foi o estado que andou a boicotar as importações japonesas e a provocá-lo?*
        O que andamos hoje a fazer com a Rússia?
        Hoje já estão disponíveis documentos que mostram que os americanos sabiam do ataque japonês.
        A devastação das bombas atómicas já eram bem conhecidas antes de serem largadas na população civil no Japão.
        Cada vez há mais historiadores a afirmar que não havia necessidade, que os USA sabiam que os japoneses iam render-se no mês de Agosto. Mas esta parte fica para outro dia.
        *-Deixo alguém levantar-lhe o véu. Há muito mais.
        How U.S. Economic Warfare Provoked Japan’s Attack on Pearl Harbor | Robert Higgs
        https://www.youtube.com/watch?v=9p8z1A3TsxU
        É cada vez mais difícil legitimar a vitimização e a retaliação americana ao Japão.
        Será que a Rússia está agora no lugar do Japão? Será que Rússia também vai para o rol das vítimas?
        O que é que tropas americanas estão a fazer na Síria, para além de garantir o roubo do petróleo sírio?
        O que é que os americanos foram afinal fazer ao Afeganistão para além de aumentar a produção do ópio que os talibãs tinham praticamente acabado? Etc. etc…
        Sabe, a lei e a moral, desde que os nossos antepassados conseguiram conceber esses conceitos, foi sempre para os mais fracos terem de cumprir, e para os mais fortes, quando lhes faz jeito, usarem para justificar as suas acções.
        PS
        “… ou não usar a nova arma e decretar por essa via a morte de milhões de pessoas,…”
        morte de milhões de pessoas? Meu Deus. Despovoava-se o Japão.

        • E os Tibetanos, que quando foram invadidos pela China nem armas tinham. Um povo totalmente pacífico. Não merecem a indignação da comunidade internacional e a devolução total do seu país?
          Bom, a China é outra louça. Ia agora o ocidente que tanto se esmerou para a tornar na potência que é hoje, entrar em conflito com ela? E os nossos produtos das nossas empresas made in China…
          Enfim… lá se ia embora o confúcio.

          • ““ O que devem dizer os palestinos?”
            Os “palestinos” são árabes. A ONU tb atribuiu território aos árabes.”
            Esperemos que o Putin não venha aqui ler o que escreveu. Sabe porquê? Porque vai pegar na sua ideia e dizer aos ucranianos que vivem nas regiões que, ou se conseguir, tomar: há mais Ucrânia…
            E quando você vier para aqui indignar-se “É assim a vida, meu caro” (forma estranha de me dar razão lol)
            História
            Nada mais mente que a história – Napoleão Bonaparte (se não me engano este homem fez história, logo deve ter sabido do que falava… não?)(Sabe a que história ele se referia e refere? À sua, à oficial, à contada pelos vencedores, pelos mais fortes, pelos que querem esconder algo, etc)
            “Que aceita você…”
            A verdade, se possível, depois de retirados todos os floreados, interesses, preconceitos e emoções. Seja lá o que isso significa ou por onde se passeie…
            “antissemitismo” “antiamericano” lol
            Lá tinha de vir… esqueceu-se do Self-hating-jew? Obrigado por reconhecer que até estou no bom caminho.
            No entanto, acho que o inconveniente merece mais que sua arruaça.
            PS
            Quando eu achar que devo comentar, a não ser que os responsáveis deste jornal não queiram, olhe para o lado… lol

  • Com Outono aí a balança cairá para o lado da Ucrânia.
    Já neva nas planícies dos terrenos negros da Ucrânia, daï virá o pântano e as colunas militares russas arriscarão o que já sabem que sucederá?
    Está na hora da capitulação e recuo dos russos se não erro, o clima ali não é igual ao nosso, nem os ricos terrenos destruídos nesta guerra feita por um grupo de gente decerto sob ordens da RPC que também falhou., como não esqueçamos a Alemanha uma das grandes culpadas devido a Merkel, uma figura por estudar.

  • Contadores de histórias.
    Temos o historiador “Manuel” que apresenta como fontes, o acontecimento 1, os documentos A; B; C.
    Temos o historiador “Alfredo” que apresenta como fontes, os acontecimentos 1 e 2, os documentos A; D.
    Temos o historiador “Antonio” que apresenta como fontes, o historiador Manuel e Alfredo, o acontecimento 2 e os documentos A; B; e D.
    Temos o historiador “Fernando” que apresenta como fontes o historiador Manuel, Alfredo e Antonio, os acontecimentos 1 e 2 e os documentos A; B; C; e D.
    Não há dúvida que o historiador “Fernando” está muito mais bem documentado que os seus antecessores…
    E é assim, os contadores de histórias têm de continuar a contar histórias, porque ao fim de várias décadas, e centenas de histórias, torna-se verdade.
    Até que apareça alguém e estrague o lindo quadro.

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