A consciência da vida na sociedade relativista

A investigação “Aborto em Portugal: fetos são tratados como lixo e usados para produzir energia“, que ontem publicámos, e outros trabalhos realizados como na energia, é o género de serviço público que motiva o Inconveniente. Ninguém nos média dominantes (uma boa tradução para mainstream media) em Portugal trata da questão do aborto, muito menos como é processado e qual o destino do que a lei chama “resíduos”: os embriões e fetos.

No caso do aborto, a causa do ensombramento (shadow banning) das redes sociais e dos média e da vista grossa dos instalados, que pretendem manter os tachos e contratos para si e os seus, é a eliminação antecipada da culpa do cometimento da morte do bebé. Se o remorso da mulher for extinto pela desumanização do feto e do embrião, que o politicamente correto estipulou como nova lei moral da cultura da morte, desaparece destarte a culpa das mulheres que se sujeitaram ao aborto provocado e daquelas que, jovens ou adultas, o tencionem realizar quando as circunstâncias, os homens e por vezes as famílias, as constrangerem.

Porém, cada mulher sabe e sente no seu íntimo o que fez, tal como quem eventualmente a coagiu. E, por conseguinte, não é possível apagar a lei natural inscrita no DNA e na consciência, ex ante da opção religiosa ou filosófica da mulher, do seu companheiro, famílias e amigos. O perdão religioso e a oração vão remir a culpa, atenuada ainda pelas condições que imperaram no ato da morte do bebé que a mulher carrega no ventre, e a filosofia seguida pode ajudar nessa cura do espírito, atenuando o remorso. Mas a culpa não desaparece nem o ato se torna legítimo, nunca, com exceção do motivo da preservação da saúde da mãe.

Nesse âmbito, em França, foi proibida pelo Conselho Superior do Audiovisual (CSA), em 2014, a difusão televisiva de um vídeo “Dear Future Mom” (Cara futura mamã) da campanha CoorDown produzida para a jornada mundial da trissomia 21 (que abaixo reproduzimos), com a justificação de que “poderia perturbar a consciência das mulheres que, no respeito da lei, tinham feito escolhas de vida pessoal diferentes” (ou seja, aborto eugénico, seja por malformação ou doença grave do feto, e que corresponde a 3,73% dos 12.159 abortos executados em Portugal em 2021).

Mas, ainda que a ideologia totalitária do politicamente correto tente impor uma nova moral de relativismo, a lei natural, independente da lei do Estado, vigora na consciência das mulheres e constitui a principal razão da recusa do aborto. O amor vencerá a morte.

O Inconveniente continuará a tratar dos temas tabu do politicamente correto.


António Balbino Caldeira

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Latest comments

  • Tenho receio que o remorso esteja a desaparecer da cabeça de muitas fas mulheres que abortaram, a secularização da moral se é que o termo possa ser aceitável está a deshumanizar as pessoas, muitas repetem o mesmo mais vezes.
    A sociedade caiu no egoísmo e na relativização do mal, as organizações criadas à sombra do pensamento do hipócrita Gramschi, Lénine ou Ttotsky e os seus émulos que por vezes, cada vez menos vejo a defender a cultura de morte em nome de direitos que consideram superiores, como o aborto ou a eutanásia, no entanto são contra a pena de morte de assassinos em massa ou contra a prisão perpétua que apenas criticam no cantinho cómodo pago por todos nós, não os vejo criticar os regimes assassinos e de tirania comunisto/nazi, como Cuba, Rússia, Coreia do Norte, RPC.
    Hoje são premiados indivíduos responsáveis por atentados bombistas, assassinatos em nome da “revolução “, os Alcobias, Isabel do Carmo que colaborou, Mortágua e muitos outros, ainda decerto com este PR serão condecorados.
    Vivemos momentos em que muitas pessoas passaram a ser sub humanas e não tem a ver com a falta de educação ou pobreza, isso seria comparar o maravilhoso regime actual, com o regime autoritário do Estado Novo, no entanto é abismal a diferença, para muito pior nesta III República moribunda, essa sim a necessitar ser substituída, nos valores e nos actores da oligarquia partidária esquerdista.

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